terça-feira, janeiro 30, 2007

Roda viciada

Acredito no destino, as coisas na minha cabeça já estão programadas para acontecerem exactamente como devem acontecer, e por mais que as vezes se tente mudar o rumo das coisas, tal e qual uma roda viciada...acabamos sempre no mesmo lugar.
Durante 8 anos a minha vida foi cá, mas sempre soube que um dia, ela também terminava, as coisas têm uma vida própria, evitei isso durante imenso tempo, o tempo que eu pude evitar, chego ao ponto em que não o posso mais, e de facto estou praticamente de malas aviadas...
Não tenho saudades de muita coisa, se pensasse muito nas coisas que eu já vivi, das duas uma, não errava tanto como erro, pois teria aprendido uma ou outra lição, ou então passaria a minha vida enfiada numa tristeza profunda a recordar os meus bons momentos, por isso posso dizer que sempre me salvaguardei de saudades, prefiro nunca as ter, do que alimentar algo que em nada me entusiasma.
Nunca tive sorte ao jogo, antes do Natal eu e uma amiga minha jogamos no Euro milhões, não tivemos nem um número sorteado, mas numa de teimosia, queriamos voltar a jogar a mesma chave, azares dos azares, somos as duas vitimas de algum Alzheimer e não jogamos quando deviamos, algumas horas depois, a conferir, com o resultado que viamos na televisão, tinhamos acertado em 4 números e nas duas estrelas...
Tudo o que alguma vez consegui foi sempre a base de esforço, já sei perfeitamente que isso vai ser sempre assim ao longo da minha vida, parecia que via isso escrito no talão do Euro milhões, ou seja, não arregasse eu as mangas para ter algo na vida, que de outra forma, não terei nada.
Estou destinada a ser enfermeira, sei isso desde pequena, sempre quis, e sei que vou ser, até o cheiro do éter eu gosto, as salas dos hospitais não me afligem, sou desembaraçada ao ponto de não me incomodar com absolutamente nada que inclua sangue e outros fluidos corporais...está escrito algures que é assim que vai ser sempre na minha vida.
Todas as pessoas que de alguma forma me prejudicaram ou magoaram sempre as vi tempos depois exactamente na mesma posição que eu um dia estive colocada, não se trata de vingança, não, mas sempre usei uma frase "Um dia da caça, outro do caçador", por isso, com a paciência que todo o bom caçador tem, eu espero, sem nunca desesperar, o que cada um tem de receber, mais tarde ou mais cedo, logo lhe bate a porta.
Mas também acredito na possibilidade de podermos alterar algo, não gosto da ideia de me acomodar a conceitos e aos erros, o deixa andar não deve funcionar, não nos favorece pensar que é só aguardar pelas coisas que elas logo chegam, podemos de certeza dar uma ajudinha em todos os sentidos. Mas existem coisas que nunca vamos contornar, nem poder evitar...a maior certeza que temos é só uma, a morte, não sabemos quando, nem onde, não sabemos se vamos estar sos ou com alguém ao nosso lado, mas nada existe ao nosso alcance que nos faça ser imortais, até no filme, com a cabeça cortada eles morriam, por isso, as voltas que tiverem de ser dadas vão ser dadas de facto, mas no final dessa volta, adivinhem lá quem vai estar a nossa espera no final do túnel?
Sem pressas eu vou vivendo, cada dia que passa tem cores diferentes, pessoas diferentes, as vezes ando ocupada demais comigo para sequer me aperceber que de facto as coisas se alteram, apercebemo-nos sempre quando passa muito tempo, quando olhamos para trás e vemos o que já vivemos e construímos, por mais pequena que seja a nossa presença no mundo, ela existe e tem uma reserva marcada em muitos acontecimentos a vida de outras pessoas, esse percurso que é tão estranho e que nunca nos apercebemos como lá chegamos será provavelmente o nosso maior mistério...a única coisa que nunca vamos perceber, mas que sabemos que nunca poderia ser de outra forma se não esta.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

"Ain't no Mountain High Enough"

Tudo na vida é perfeitamente atingível!
Dai que todas as montanhas da nossa vida sejam todas passíveis de serem escaladas. Embora muitas delas nos custem mais do que outras, em cada uma delas existe algo a ser retirado.
Nasci e vivi durante onze anos num país Africano, tenho orgulho disso, e sei que o tenho porque também sei o que sofri com isso. Quando cá cheguei conheci algo que nunca tinha visto na minha vida, racismo, toda a gente sabe ou pelo menos tem uma noção do que é o racismo, eu não tinha, era apenas uma criança e como tal o meu mundo era demasiado cor de rosa para permitir a entrada de algo tão negativo. Hoje sei bem o que é, sei bem o que me custou integrar-me numa sociedade já pré-feita, e completamente senil em relação a tudo o que a rodeava, os meus primeiros anos foram o que eu costumo chamar de verdadeiro inferno, existem coisas que tu sentes na pele que são mesmo dificeis de se mudar, de serem apagadas, a mente das pessoas é uma delas.
Agora podemos não ouvir nem vêr tão pouco tantas demonstrações de racismo, mas ele ainda existe, vem de mãos dadas com outra quantidade exagerada de preconceitos e esteriotipos, caladinho, mas tu nunca te esqueces do olhar de alguém que vê algo de errado em ti, sem que isso se reflicta em outras pessoas, sem que isso seja algo que prejudique seja quem for, aquele olhar nunca se esquece.
Temos o que eu costumo chamar de "sociedade de Merda", não que seja melhor ou pior do que tantas outras, mas como é neste que vivo é desta que falo. Temos racismo, já não é só contra a raça negra, é contra todas as outras que deram entrada a este país, temos homofobia, olhamos para a comunidade homosexual como alvo de chacota, de piadinhas estupidas, ainda têm dificuldade em se assumirem a custa disso mesmo, da reprovação, da ideia de que carregam milhares de doenças quando,nos dias que correm toda a gente está susceptivel das mesmas se não tiver o cuidado necessário. As mulheres ainda não assumiram a sua autonomía neste país, ainda lhes falta o savoir faire para serem mesmo livres, liberdade não é só sair de casa para ir trabalhar ou ir para a noite com as amiguinhas da faculdade, o aborto é um direito que nos antecede, é direito porque o corpo é nosso e a decisão também deve ser nossa, tendo em conta que quem o quer fazer mesmo acaba sempre por o fazer e muitas vezes em condições limitadas ou praticamente nulas porque não têm orçamento que lhes permita ir passear a Espanha e faze-lo de forma a sairem vivas ou com útero intacto, se o fazem cá é um risco de vida, para além de sofrerem as humilhações que as pessoas tanto gostam de infligir umas as outras. Sou pelo direito a vida...por isso sou pelo aborto! Tive uma amiga minha que ao 16 anos passou pela experiência, por isso não me digam que ela devia ser julgada quando ela mal tinha dinheiro para comer ou estudar e passou o que não devia ter passado, de facto já sei que podem sempre argumentar com o preservativo, com a pilula...sim, com razão, mas o preservativo também se rompe, a pilula também tem o seu fracasso, a custa disso tenho o meu irmão mais novo! Mas a minha mãe podia ter e teve, agora, quem não pode? Quem realmente não pode o que vai fazer? Como é fácil sentar-me na cadeira e poder julgar as outras mulheres, a nossa verdadeira liberdade virá quando efectivamente soubermos ser justas umas com as outras e pelo menos nestes momentos em que tanto precisamos, dar a mão sem julgamentos atrás.
Será que estas, como tantas outras "montanhas" que encontramos na vida são assim tão inantigíveis?
Creio que tudo começa e acaba na cabeça e na consciência de cada um, de que serve tratar mal alguém só porque vem de outro país, ou tem uma cor de pele diferente da nossa? Será que somos mais patriotas por isso? Estaremos nós de facto a defender algo quando milhares de portugueses que trabalham fora de Portugal também querem ser aceites em outras comunidades e também têm as suas dificuldades em o fazer? Então apenas estamos a fazer o que os outros nos fazem? Até que ponto isso será justo, não nos lembramos então de outros tantos que conseguiram ser felizes e vingarem lá fora? Tratamos mal o que tememos e o que desconhecemos, não dá-mos uma oportunidade a outra pessoa para demonstrar que também tem o seu valor, não lhes conferimos credibilidade alguma, e sabem o que é mais triste, é vêr que existem pessoas com formação superior, não se tratam de leigos, e esses conseguem ser de facto os maiores xenófobos, os mais ignorantes de toda esta sociedade, tanta informação e tanta educação e nada disso lhes permite ter uma mente mais civilizada.
Tenho amigos gays! E tenho tanto orgulho neles, no coração deles, na boa índole deles, são os melhores amigos do mundo, as melhores pessoas do mundo, jamais vi tamanha bondade num homem, se outros soubessem ser um pouco assim o mundo não estaria como está nos dias de hoje. Não admito qualquer tipo de insulto, brincadeira ou piadinha acerca de uma vontade de uma pessoa, de um desejo, isso não se explica, isso não é tendência ou neurose como tentam dizer, é deles, é a vontade deles, tão natural como é para mim me sentir atraida por um homem, também será para eles, a mim não me incomoda nada, e tenho pena dos que se sentem revoltados com algo a qual não têm nada a haver, é sinal que a vida deles é tão interessante como a do meu caixote do lixo, se calhar já arranjavam vida, não? As pessoas são como são, não as podemos mudar, apenas aceitar, e acreditem que é sempre melhor, vivemos a vida de uma forma muito mais pacífica.
O respeito, será de facto o que mais preso na vida, tenho respeito por tudo e por todos, até pelos menos dotados eu vou ter sempre a reverência de os tratar como me trato a mim e aos meus, merecem!
Por isso sei que todas as montanhas são atingíveis, pois a mente humana tem mais força do que qualquer outra coisa, só precisa de pre-disposição e isso tem faltado a muita gente, infelizmente. Mas basta dar uma oportunidade, podemos ter um amigo de cor, podemos ter um amigo gay, uma amiga que fez um aborto...um amigo com deficiência fisica, um simples amigo, afinal de contas um amigo é sempre melhor que o Euro milhões!!!

segunda-feira, janeiro 08, 2007

A velha rotina

De facto começo a pensar que nós mulheres nunca aprendemos com os nossos erros ou então que os homens de tão básicos que são, são mesmo todos iguais...
No meu universo existem imensas mulheres, no meu universo todas as minhas conversas que estableço com elas são de ídole psicológica numa vã tentativa de escrutinar o que se passa naquelas cabecinhas ocas! Não é de facto uma tarefa considerada fácil, muito pelo contrário, quanto mais simples o homem, mais difícil é de se compreender, daí que para nós, mulheres, em que tudo para nós é praticamente uma novela brasileira, uma never ending story, se torne um bicho de sete cabeças, um puzzle que nunca terminamos.
A amiga desta vez, é uma pessoa que admiro imenso, uma mulher com um M enorme, lutadora, alegre, simplesmente uma pessoa pura e carinhosa, revejo-me nos azares dela, nós sempre nos veremos nos azares umas das outras, daí que seja um consultório todo o lugar onde abordamos estes assuntos. Conhemos alguém, no inicio é sempre tudo fantástico, aquela maravilha em que o céu e o inferno comungam em harmonia...diversas horas depois, sem ser necessário sexo pelo meio, porque senão a complicação seria bem maior, as coisas tomam o rumo a qual eu costumo chamar o "Rumo das dúvidas", isto acontece quando os homens são encostados contra a parede, quando lhes perguntamos o estado da nação, ou melhor da relação, coisa que descobrimos bem cedo, não existir praticamente. Então ela lá lhe pergunta, "que rumo?" ao qual ele responde aflito, "não sei o que sinto!", been there, done that, esta conversa soa a familiar, todas nós já passamos por isto! Eles nunca sabem o que querem, gostam do "chove não molha" do "toca e foge", como se fossem putos na primária a jogar as escondidas!!! Mas que raio de maturidade têm eles para não saberem afinal o que querem, para utilizarem todos eles as mesmas respostas, com as mesmas expressões incluídas?? Originalidade também é necessária para se surpreender alguém!!! Será que é assim tão dificil dizerem de uma vez por todas "ok, não sinto nada", mas não, preferem aquele "empatamento" diário, cheio de trejeitos e de mudanças abruptas de comportamento em que a dada altura mais parecem bois com mudanças de humor que propriamente homens feitos. As respostas existem e são para serem dadas em função de uma pergunta directa! Nada mais simples que isto.
Então passamos o tempo a questionarmo-nos o "sim ou sopas", mas a resposta nunca chega, até que nós mesmas nos decidimos pelas sopas porque simplesmente já nos falta o raio da paciência. Quando realmente se quer algo, não se tem duvidas, esta é a minha forma de pensar, não aceito um "talvez", com isso não consigo conviver, de um não ou de um sim eu já construo algo, nem que seja uma certeza de que se estão a borrifar para mim, agora de um "talvez" estou praticamente a perder o meu tempo, a perder a minha paciência, a entrar numa espécie de jogo no qual eu não tenho vontade de entrar. Então eu opto por não jogar! Prefiro ficar na bancada, vejo de fora, pode ser que a bola venha ao meu encontro, não gosto de meio termos, e a minha amiga em questão é um pouco ao contrário, ela usa e abusa da dita paciência e tenta dismistificar algo que é para mim, que estou por fora, que já passei por isso, um beco sem saida alguma a não ser de marcha atrás.
Sempre fui apologista do conceito, "desprezo é bom" e eles lidam bem com ele, quando se acaba a insistência por pura falta de paciência, quando se acabam os telefonemas, as perguntas, a vontade de vêr, é que eles acordam do sonho que estavam a ter e tentam vêr se contrariam as consequências, depois chega a vez deles se esforçarem, de dizerem que somos complicadas, chega a nossa vez de dizer o "talvez", e depois nós é que ficamos com o titulo de "cabras"??? Ora bem antes "cabra" que pateta!
Não existe mais o tal timing perfeito, se estão a espera de cruzarem com o princepe encantado ao virar a esquina, por favor, abram os olhos isso só acontece a Floribela e, vá lá vai, a mulher não leva com ela nem que a vida dela dependesse disso!!
Sejamos objectivos e por favor, tentem ser coerentes, a sério, essas birrinhas, essas dúvidas, ficam bem quando têm 5 anos e, a vossa mãe, que já tem troféus de dedicação em casa vos atura, não tentem casar com uma mulher que se parece com a vossa mãe quando depois de dois meses tentam fazer a folha a Sharon Stone que vive logo ao lado! Decidam-se, apercebam-se realmente do que precisam para a vossa vida e façam por isso, o que não precisam escusam de procurar!
Sou prática, creio que esta practicidade é frívola na maior parte do tempo, mas isto tem uma explicação simples, a pessoa que mais amei na minha vida fez-me esperar por ele durante um ano e perdi a conta aos meses, quando as coisas finalmente aconteceram e depois de 5 anos lá acabou, decidi que nunca mais esperava por ninguém, nunca mais mexia uma palha em função de quem nunca mexe por mim, não sigo a máxima do "vir atrás", as pessoas são autónomas e a vida continua independentemente do que os outros pretendem ou não.
Nada magoa mais do que uma decepção, nem nada te marca tanto como isso, vives uns bons tempos a mastigar o azedo, e acredita que não é uma digestão fácil, mas é no entanto viável! E por vezes esquecemo-nos disso.
Por isso, a todas as meninas que andam no limbo, enroladas no "talvez", é hora de abrir os olhos, de puxar a brasa a nossa sardinha e pensar no que nós faz bem, pois esperar por algo que nunca vem é considerado uma estupidez sem dimensão conhecida mas, sujeita a ir parar ao Guiness Book of Records. Chega de parar de fazerem as vossas coisas, sai com amigos, conhece outras pessoas, lê livros, vai ao cinema, embebeda-te, sei lá...faz apenas o que te faz feliz nem que seja a virar frangos, mas ultrapassa esse estado letárgico na qual se deixam apgar, simplesmente a vêr a vida passar a frente dos vossos olhos a depositarem esperanças numa dúvida que devia ter morrido mal ele começou a gaguejar com dúvidas, se as respostas são essas, é simples, a verdadeira é um redondo, categorico e brilhante "não"!!!