quarta-feira, dezembro 28, 2005

O Meu Natal foi...

Este foi um Natal nada diferente, a minha casa a dada altura mais parecia um Zoo em dia de festa do que outra coisa, nós gostamos muito da casa cheia, mas depois tudo se comporta como animais!
É daquelas festas tristes em que temos que levar com as tias que vivem longe, e que gostam de pensar que até nos conhecem bem e depois nos enfiam beijos na cara com o raio do baton vermelho e abraçam-nos como se tivessemos voltado da guerra e nos faltasse um braço...depois, o mais triste ainda é olharem para mim, que até estou no meu canto a curtir uma de Senhor do Aneis e depois surge a maldita pergunta que nunca falha todos os anos, começo a pensar que até antes de dizerem "olá" já vêm com ela no pensamento..."e quando te casas?" é simplesmente daquelas coisas a que eu reajo com um sorrisinho cinico e nem me dou ao trabalho de responder, trato de bater em retirada logo, antes que a minha mãe e a minha avó comecem com a parte delas, pois aí sim, isso seria demais! Qual será o problema das mulheres da minha familia? Porque pensam elas que eu com os meus belos 28 anos tenho de estar casada? Será que eu tenho aquele ar maternal de funcionária da Conforlimpa? Começo a pensar que nas minhas costas as conversas devem ganhar outra vida e confesso, não me sinto confortável com isso, já me chega o desastre natural que é a minha vida sentimental quanto mais agora ter que pensar e falar nisso com mulheres que casaram aos 16 anos, tiveram um penca de filhos e têm um cu que mais parece uma betoneira?! No universo delas o homem é um ser supremo, tipo um extra-terrestre com uma mente super desenvolvida a quem têm de prestar vassalagem e fazer pataniscas de bacalhau, lavar as cuecas e aquecer as botas... Eu costumo dizer que vou laquear as trompas, só para as infernizar, a minha mãe costuma bufar imenso nessa parte, pois vem ao de cima a cabra que há em mim e começo num rol dispartado de frases provocadoras, elas olham para mim como se fosse o anti-cristo, creio mesmo que fazem umas merdas lá com as mãos para afastar as minhas ideias...eu interiormente tenho um gozo privado e maldoso!
Gostava que pelo menos em uma festa familiar qualquer esquececem que eu existo, seria uma tarde bem mais agradável e a minha avó escusava de ir a igreja logo a seguir para eu me redimir dos meus pecados, dado que a mulher não vê um palmo a frente, digo mesmo que ela escusava de pôr a vida em causa por causa disso e andar para lá aos tombos!
Desde miuda sempre foi assim, as pessoas da minha familia têm os olhos postos em mim, cobram sempre alguma coisa, falta sempre alguma coisa, eu sou sempre motivo de choque e nunca sou nada parecida com ninguém, eu sou uma aberração!
Mas eu sei o que sou em relação a elas...e isso significa que não tenho buço, não tenho o cabelo liso e sem graça, a minha cultura ultrapassa indubitávelmente o Tico e o Teco que elas todas juntas têm, o meu estilista é fantastico em comparção ao delas, a minha imaginação sem duvida que é melhor porque pelo menos eu não começo a cuspir para o chão cada vez que oiço a palavra "broche" come se fosse uma tragédia grega...ah! E eu estou a tirar um curso superior, nunca gostei lá muito de agricultura ou de renda de bilros! Tirando isso, dá para notar que somos da mesma familía!
Mas preciso de confessar, eu divirto-me imenso com estas merdas, é de morrer a rir ver aquelas caras que fazem, é o horror estampado! Embora eu saiba perfeitamente que elas pensam que eu sou uma maluca sem solução possível, que nenhum homem alguma vez me irá aturar porque tenho mau feitio e respondo mal as pessoas que me enervam, para elas eu sou uma mulher independente, autónoma e altiva em relação a tudo, eu sou o que elas nunca vão ser e eu nunca vou ser por definitivo o que elas são...ter um cu daquele tamanho é um crime!!!Não sei se sou feliz assim, já estou tão habituada a terem estas ideias de mim que já nem ligo, aprendi de algum modo a ter o meu mundo, a fazer prevalecer a minha forma de ser, finalmente não preciso mais de tentar ser o que nunca vou ser, porque eu sei que eu não gosto, não quero mesmo.
Resumindo...foi um Natal agradável, gostei imenso da programação da televisão, valham-me os meus amigos queridos com quem tomei imenso café e me livraram do degredo familiar, curti imenso as minhas prendas, porque não tive nenhuma e o Natal é mesmo assim e, assim é que tem de ser, antes isso do que cuecas de gola alta que a minha avó insistia que eu devia usar ao invés de andar com as "guitas", que na minha terra significa "fio dental"!! Por isso, é como eu costumo dizer...Tou no lucro!