Num desses programas curriqueiros que a Tv costuma passar, numa entrevista rapida que mal dava para perceber o assunto, houve uma frase que nunca me saiu da cabeça, e já lá vão muitos anos. O entrevistado falava sobre o seu divorcio, notava-se que era algo que o afectava, ninguém fica tão serio em televisão, ele disse: "Um homem esquece uma mulher com o tempo, e uma mulher esquece um homem com outro homem". Na altura achei que o dizia por mágoa, ser trocado por outra pessoa não é uma boa sensação, creio eu que deverá afectar em grande parte a nossa auto-estima e procuramos sempre onde falhamos, qual o nosso defeito que levou a ruptura, será que já não somos atraentes?
Mas uma coisa é certa, quando se gosta mesmo de alguém não é com outra pessoa que se esquece quem nos deixou, é com o tempo, isto nada tem a haver com o facto de ser mulher ou homem, mas sim do quanto se gosta.
Durante este ultimo ano alimentei uma paixão desmedida, uma coisa que me ocupou em grande parte a cabeça e o espirito, não foi amor, foi somente uma paixão e, sem duvida alguma custou-me bem mais do que dar por finalizada uma relação fantastica de 5 anos. Mas chega uma altura em que temos de dar um "basta" no assunto, temos que nos dar a nós mesmos a oportunidade de inventar um antidoto que solucione esta sensação merdosa que é não ser olhado com outros olhos. Foi ai que me apercebi que o tempo, a distância, são coisas que funcionam muito bem, existe algo no silêncio que nos anestesia a cabeça e nos leva para outras paragens, arranjar objectivos firmes é também uma grande ajuda, seguir em linha recta o que queremos para nós sem sequer olhar para o lado. Eu fiz isso, resolvi afastar-me radicalmente, por de lado tudo o que algum dia me fez lembrar que ele existiu, decidir de uma vez por todas qual o caminho que eu vou seguir, porque passei tanto tempo embrenhada nesta doença que me esquecia a dada altura que eu tenho um objectivo na minha vida, que sem ele também não sou feliz, embora na altura eu pensasse que a minha felicidade estava integrada a presença dele. É errado desperdiçar energias com quem não desperdiça um mero segundo da sua atenção conosco, é errado colocar a frente de tudo e todos quem não aprecia nada do que fazemos, quem não nos conhece de forma alguma, acabamos sempre arrependidos de alguma forma. Não me arrependo de nada no entanto, interpreto, tal como sempre o fiz como uma lição, aprendi algo com isso, melhorei algo em mim a custa disso, por conseguinte não foi uma total perda de tempo, era algo pela qual eu deveria passar, aprendi muito!
Sou radical em tudo o que faço, sou mesmo uma pessoa de extremos, serei sempre teimosa até ter a certeza que tal teimosia se transforma num transtorno para mim, temos sempre de saber quando parar! Parei então, ocupei a minha vida com tantas outras coisas, eu inventei o meu antidoto para mim mesma. Nunca me vi com outros olhos, serei sempre o que sou e a meu ver, eu gosto, não mudo por ninguém, por nada, sou adaptável, o meu comportamento será sempre de acordo com a situação, se não dá não se inventa modas, temos de ter subserviência o suficiente para saber quando demos o nosso melhor e mesmo assim não funcionou como queriamos, não podemos nos reinventar só para agradar aos outros, o tempo joga sempre a nosso favor e tudo na vida se torna de algum modo, passado.
Quando existir algo que vos faça mal afastem-se, quando sentirem que se perdem de si mesmos virem as costas, olhem em frente, o caminho continua, podemos até ir a chorar, completamente cansados de toda esta confusão, mas basta somente um pé em frente, o outro seguirá por acréscimo. Não se deve lutar por causas perdidas, apercebam-se disso a tempo, e terão logo a vista um milhar de outras tantas causas que serão bem mais dignas do vosso esforço.