Sou uma lutadora nata! Se as minha lutas ficassem estampadas no meu corpo eu era o Rambo, versão femenina!
Habituei-me desde sempre a conseguir sempre o que quero, não baixo os braços! Tudo na minha vida me aconteceu depois de uma valente luta, no fim estou sempre esgotada, a dada altura nem sei se valeu a pena, mas gosto de saborear bem as minhas vitorias.
A minha maior vitoria é sem duvida o meu cursinho de enfermagem...cada vez que me lembro das pessoas a dizerem que eu nunca ia conseguir, que era um curso demasiado dificil de se fazer, que já não tinha idade para estas coisas, que devia era me casar, parir uma penca de filhos e comer doritos para o resto da minha vida (versão das minhas ricas tias)... modestias a parte e bem longe de mim...I love me!!!
Não existe na minha vida um orgulho tão grande como esta vitoria, nada me faria tão feliz como fui no dia em que vi na pauta a lista de colocados e lá estava eu, com a minha primeira opção...admitida...
Chorei, confesso que foi um desgaste emocional tão grande que quando finalmente vi, acreditei que passado tantos anos eu finalmente tinha conseguido, e não era privada (não que tenha algo contra as privadas, mas, o sabor é diferente) era uma faculdade publica com uma super média, mas eu estava lá, agora é este o meu novo desafio, finalizar o meu curso querido pela qual lutei tanto.
Todos os dias eu coloco um desafio novo para mim, no desporto aprendemos a ser disciplinados, temos sempre metas a atingir e não nos ficamos pelas que já superamos, com o meu curso eu estableci as mesmas metas, dado que eu trabalho, tenho de fazer as coisas de forma metodica, gradual, sem me desesperar com a minha própria ansiedade que de vez em quando se torna num tormento para mim. Tenho tido vitorias ao longo deste curso, coisas pequenas que para mim são tão grandes que me preenchem inteiramente sem dar espaço a mais nada, a dada altura começo me a esquecer do resto todo que me compõe, deixo de sentir falta das coisas, das pessoas, só me centro no que eu quero, o resto passou a ser superfluo demais para eu levar a serio. Mesmo que me aconteçam outras coisas igualmente boas eu sei que nada me retira mais a atenção do meu objectivo, é isto que eu quero, e diga-se de passagem, não existe nada melhor do que a gente saber realmente o que se quer, torna-se num vicio, torna-se a nossa vida.
Este foi o melhor mês da minha vida, cresci mais neste mês do que em qualquer outra altura da minha vida, pois vi evolução em mim, mais garra que aquilo que eu costumo ter e sinto-me feliz por isso. Desprendida do mundo eu criei o meu mundo aparte de tudo, a minha faculdade, o meu trabalho, o meu desporto, as minhas noitadas, a minha leitura, o meu silêncio, a minha musica, os meus passeios por Belém...tudo isto me completa, nada me completa tanto como o que eu faço por mim, talvez seja o meu egoismo a vir ao de cima, talvez seja eu a dar conta de que esta na altura de deixar de ser a babysitter, quando ninguém o é para mim. Se eu não cuidar de mim, mais ninguém o fará e a única pessoa que algum dia o fez, já não existe mais. Existem momentos na vida em que temos de despir a versão de Madre Teresa de Calcutá, talvez porque seja um fardo demasido grande para se carregar, mas também porque não podemos basear a nossa existência a viver dos problemas dos outros, a colocar panos quentes e frios, a lutar por que não sabe sequer o que é esforço. Nunca deixei um amigo meu sem apoio, mas neste ultimo mês, eu quis e não tive, ninguém foi capaz de me perguntar se ao menos eu estava bem, enfiados e embrenhados nas suas proprias felicidades não se lembraram de mim. Habituei-me a nunca exigir, a não pedir fosse o que fosse dos outros, eu sempre dei, o que tinha chegava bem para todos e para mim. Mas depois eu fiquei parada no tempo, eu olhei a minha volta e vi quem realmente pensava em mim, era eu, somente eu. Por isso, a minha próxima vitoria é manter o que eu tenho, o que eu sou.
A felicidade tem um caminho de tijolos amarelos, como no Feiticeiro de Oz, podem sem enjoativos, a cor é de facto uma merda, podem ser sempre a subir, ou sempre a descer, com curvas ou sempre a direito, mas o que importa mesmo é saber segui-lo, nem que seja só com a própria sombra, por vezes é uma melhor companhia.