terça-feira, dezembro 26, 2006

"What you see is, what you get!"

Quando conhecemos alguém novo, geralmente, se nos agrada queremos também agradar, não sei se essa posição do agradar é a mais correcta, pergunto-me a mim mesma uma infinidade de vezes de sermos nós próprios não será de facto o suficiente para que seja possivel um entendimento entre ambas as partes?
Já me apercebi rapidamente de duas coisas, uma delas é que não consigo andar a agradar ninguém, a outra é que devo ter mesmo um feitio bem engraçado, do ponto de vista de um cangalheiro...
Conheço pessoas que mudam o tom de voz, mudam os gostos musicais, mudam a roupa toda do armário, mudam certos comportamentos, por exemplo deixam de fumar ou de se maquilhar, deixam de lidar com os amigos de sempre...eu acho estranho.
Ninguém gostará de nós, se não formos nós mesmos, sempre me disseram isso, mas e se as pessoas mal sabem quem são? Se realmente não se conhecem a si mesmas e se tentam de alguma forma se reinventarem através de um reflexo que surge aos olhos dos outros? E será que é uma imagem correcta? Fidedigna? Não acredito no que os outros me dizem em relação a mim, não me revejo na maior parte das imagens que tentam fazer de mim, se calhar por ser imensamente simples, mas não sirvo de exemplo para ninguém...
A minha mãe costuma me dizer que devia ser mais flexivel na minha forma de ser, não ser tão obstinada nas minhas ideias e ser capaz de as moldar aos outros, infelizmente nunca ouvi a minha mãe, lembro-me sempre do que ela diz, raramente concordo e definitivamente nunca faço o que ela sugere.
O meu ex namorado sugeria muitas vezes que existiam coisas que eu devia mudar em mim, talvez por isso mesmo ele, hoje seja "ex", não conseguia lidar ou compreender alguns aspectos da minha personalidade, não o culpo a ele, muito menos a mim, eu aceito-me como sou pois entendo que não consigo mudar por mais que tentasse, as minhas atitudes são coisas que não consigo planear, as minhas ideias não mudam com o nascer de cada dia, sou voluntariosa também, se querem que vá para a direita eu irei sempre pela esquerda, interpreto as coisas muitas vezes como uma ordem, e sabem, sou militar a 8 anos, acham que não ando cansada de ordens?? Muitas vezes pensava que não ia conseguir sobreviver neste mundo exactamente pela minha dificuldade em fazer a vontade aos outros, tirar prazer da contrariedade é um ponto contra mim, reconheço, mas também não o mudo. Porque querem que eu mude? Porque querem mudar as outras pessoas? Nunca senti necessidade de mudar nada, ninguém, aceito as coisas como elas são, aceito a sua natureza, e embora não aceite que me mudem, apenas reservo-me ao direito de pensar pela minha cabeça.
Roo as unhas, vai ser sempre considerado um defeito, mas por vezes deixo-as crescer, mas faço-o por vontade minha e não porque me dizem para o fazer, fumo, é um defeito também, ninguém vai considerar isso uma atitude inteligente quando nem eu mesma o considero, mas já passei um ano sem pegar num cigarro só porque um dia resolvi que me sabia mal, decisão minha, tal como foi decisão minha voltar a fumar. Se a minha mãe teve um parto perfeitamente normal, se criou uma criança perfeitamente normal porquê que agora, pessoas que nada me são vão querer contrariar a minha essência e, porque teimam em algo que nunca vão conseguir? Pelo desafio, ou somente pelo gosto de infernizar a vida dos outros? Se é para isso viro de imediato um bicho social, não me dou a ninguém, pois reconheço a pouca importância que os que me rodeiam têm, apenas a minha familia conta na minha vida, é o meu amor garantido e certo, se algum dia tiver que melhorar algo, não mudar, mas melhorar será porque eles me demonstram que realmente estou errada, coisa que não tem acontecido...
Na minha forma de pensar existem pessoas que nos aceitam e adoram exactamente como somos, não precisamos de inventar um teatro ou fazer um filme e sermos o que nunca fomos, uma forma reinventada de um nosso "eu" com a qual não nos identificamos só para que consigamos nos relacionar com as outras pessoas e agradar de modo a levar a água ao moinho. Se eu aceito os outros os outros têm que me aceitar a mim, sem regras, sem problemas ou crises de maior, odeio tempestades em copos de água.
O meu chefe diz-me sempre "What you see is, what you get" e sabem, não existe nada de mal nisso, resta é encontrar quem consiga lidar com tudo o que isso acarreta.