sexta-feira, março 31, 2006

Quando se toma o comprimido errado...

Ninguém gosta de dias cinzentos, eu também não. Pessoalmente, o meu humor fica sempre relacionado com as núvens, ou melhor, com a existência ou não delas.
Apetece-me andar pelas ruas, pelas calçadas de Lisboa, não tem nada a haver com o facto de não querer trabalhar, de não ter o que fazer, mas sim do gosto de andar pelas ruas, gosto de andar a deriva sem ter propriamente um sitio onde ir, sou um bocado nómada, nunca estou bem em lado algum, nunca fico muito tempo em lado algum, tenho pernas e lembro-me disso.
Cada vez que ia para a escola ia sempre a pé, adorava fazê-lo, tinha sempre a sensação que não ia por castigo, mas sim porque gosto de andar, de observar os rostos das pessoas, de lhes imaginar a vida, queria saber no que pensavam, adorava poder ler a mente das pessoas, de lhes desvendar os segredos e de lhes dar as repostas que muitas vezes não encontram. Nunca estou bem em lado algum, a culpa é da genética, saio literalmente ao meu pai, sou uma cópia bem fiel á sua forma de ser, nunca aviso para onde vou, quando chego, sou sempre uma surpresa, existe sempre algo que me move, talvez seja a minha extrema curiosidade, talvez o medo de que a vida me passe ao lado e que eu perca o espectaculo todo. Não queria viver a minha vida insatisfeita, mas tenho encarado a minha vida assim, por isso ando, gosto de sentir o frio das ruas, de levar com a chuva em cima quando menos espero, faz-me sentir viva, gosto da surpresa do sol quando tudo me parece enfezado demais e a primavera ainda anda longe, não existe nada melhor que dias de sol num inverno poderoso, é como se algo se revoltasse.
Hoje não me apetece falar de problemas, ou de coisas engraçadas, não me apetece ver filmes nem ler livros, oiço Gentleman com uma fidelidade quase absurda, talvez porque ainda não tenha interiorizado bem a ideia de que um alemão consiga de facto fazer algo tão bonito como a musica dele. Tenho o Mp3 comigo, como sempre, hoje não oiço telefones, não vou para o messenger, não me procuro no hi5, nem telefono a minha melhor amiga, hoje o mundo não me é nada, só anseio pelas ruas de Lisboa, porque lhes sinto falta, porque gosto dos prédios velhos e antigos e pergunto-me sempre porque não os arranjam, mas depois apercebo-me da beleza que têm com este aspecto de coisa abandonada, tal como eu me sinto quando passo por eles, olhamos um para o outro e dizemos "bom dia" em silêncio, mas percebemos porque nos cumprimentamos, porque gostamos de nos ver. Anseio por estas ruas porque me perco nelas, se entro no Bairro Alto nunca sei onde entro e por onde saio, vejo os bares que a esta hora estão fechados, vejo as lojas que nunca vejo em mais lado algum, a ruas carregadas de copos de plastico de noites passadas, os cheiros de comidas que vêm das casas, misturam-se tão bem, interligam-se mutuamente entre si. Gosto de ouvir berros, de pessoas a falarem alto, ao mesmo tempo que me mortificam o espirito fazem-me lembrar que não é nada comigo e eu sorrio sozinha porque acho piada ao linguajar, aos sotaques...as misturas de raças que agora invadiram todo o lado. Sento-me então a beber chá, adoro beber chá em tardes chatas, será sempre um ponto de reflexão da minha própria condição humana, beber chá lava-me a alma e cura-me o cansaço das pernas.
Doi-me o braço, bati contra a porta e é uma dor que se mistura com todas as outras que hoje tenho e estou de facto em trabalho de parto com toda a dor que tenho. Nunca sei o que quero realmente, mas quero sempre muito mais que o que tenho, apeteceu-me dizer isto.
Hoje queria falar de tudo e de nada ao mesmo tempo, as vezes nunca percebo o que digo aqui, digo o que me passa pela cabeça na hora em que faço o login, depois despejo, como se fosse o "Pensatorio" do Harry Potter, lá ficam, lê quem quer, gosta quem lhe apetece e de resto pouco me importa, nunca agradei propriamente a maiorias, eu gosto muito mais de coisas pequenas, expcepto nos cães e nos homens, isso é sempre grande, mas gosto de grupos exclusivos, de sitios pequenos onde tenho sempre os braços encolhidos a tentar não queimar ninguém com o cigarro, gosto de proximidade, de intimidade com espaços e pessoas, mas gosto da minha bolha de ar que me protege ainda mais.
Hoje não estou para musicas profundas, com letras complicadas, estou para o basico, estou para determinar a confusão dos meus textos, para violar a ordem dos acontecimentos, estou num filme, onde vejo através da janela a acção toda.
Apetece-me também dançar, não quero nada de coisas a discoteca, quero algo organizado, quero movimentos com treino e audácia, quero tanto rodopiar daqui para fora que só me consigo imaginar num salão vazio a mexer as ancas feita doida.
Não me liguem para o telemóvel, ele tem menos rede que bateria, e eu também não o atendo, ainda me doi o braço e custa-me escrever com uma mão, hoje estou maneta :(
Não quero falar com a minha mãe, ela faz-me perguntas dificieis "Quando vens a casa?", e a mim custa-me estar a mentir, assim acho que o meu silêncio é uma resposta simples de "Não sei" e evito levar com o sermão que se inclui todas as vezes que me atrevo a responder-lhe assim. A mulheres são dificeis, todos os homens concordam comigo por isso é que eu sei que é verdade.
A minha melhor amiga veio cá agora, ela odeia tirar fotografias e veio exprimir a sua indignação por carregar na merda de um botão, eu entendo-a, é minha amiga, por mim ela não carrega em mais botões para o resto da vida dela, embora curta ao máximo a má disposição com que ela fica quando lhe fazem estes pedidos. Adoro pessoas mal dispostas, são a prova viva de que eu sou resistente.
Não quero ir para casa, adoro a minha familia, mas odeio a viagem, só faço o que realmente gosto e hoje gosto de não fazer nada. Eles sabem disso, embora a minha mãe seja a mais teimosa do clã e insista que eu deva mudar urgentemente, ela diz que eu sofro de neuroses, eu digo que a puta da menopausa é lixada. O meu pai tem um universo nas núvens, anda lá na maioria do tempo e depois lembra-se de mim quando tem muitas saudades, gasta 40 contos a vir a Lisboa, almoça comigo e volta as núvens, o meu irmão tem um namoro que eu irei ter daqui a uns meses, sem sexo, a distância...mas ele sobrevive, eu também o irei sobreviver. O meu mais novo (como eu adoro chama-lo assim!!!) tem 19 anos, mas eu ainda o vejo de fraldas...esqueci-me do aniversario dele a pouco tempo, ou seja telefonei 5 minutos antes do dia acabar, mas ele perdoa-me sempre, o que me faz feliz, gosto de ser perdoada pelas minhas falhas, porque nunca as faço de proposito. A minha avó é fixe! Eu gosto de dizer isto, e ela fica passada, é uma senhora de respeito segundo ela mesma e a neta preferida não lhe deve falar assim, é sensivel, mas depois encho-a de beijinhos e de abraços e ela dá-me mangas para eu comer e bolinhos secos que faz com uma extrema paciência.
Passo o meu dia sem pensar neles, embora me sejam tão importantes como ar que respiro, gosto de saber que existem, e a mera existência para mim é motivo de despreucupação em relação a tudo o que me rodeia, dou valor ao amor que tenho por garantido, sei que está lá e vou busca-lo quando me apetece. Preciso de muito amor.
Vou ganhar uma medalha, na proxima sexta tenho o peito em risco, vão tentar espetar um objecto perfurante na camisa sem me furarem o peito...ainda bem que não tenho silicone, seria um desgosto ver o peito se esvaziar e tirar a medalha com uma cena de plastico atrás.
As vezes tenho a certeza que oiço musicas foleiras e tenho vergonha de dizer aos meus amigos, no meu quarto desaba a terceira guerra mundial todos os dias, mas eu que odeio a confusão consigo gostar de o ver revoltado porque depois sempre tenho o que fazer. Sou muito dorminhoca, se me encosto em algum sitio adormeço e peço sempre a Deus para ser Espanhola, porque queria ter direito a hora da "siesta". As minhas amigas dizem todos os dias que sou bipolar, o que me faz sentir especial, é uma forma delas me dizerem que as vezes sou mesmo dificil, nunca compreendem o meu estado de espirito e adoram o meu sentido de humor, digo isso porque se riem do que digo, o que a dada altura não é benefico para o meu credito, mas foi algo que nunca procurei. Gosto de ensinar, tudo o que sei gosto de dizer aos outros, venho a net e amo o Google, faz de mim uma gaja esperta, e dá-me inteligência para saber o que a mim me interessa e o que aborrece de morte os outros. Gosto de ler signos, e é patetico, sei bem o quão ridiculo aquilo me soa, mas leio na mesma, acho estranho.
Gosto de astronomia, adoro planetas e as vezes penso que existem pessoas a viver no sub-solo de todos eles e que os Americanos escondem isso da gente, para mim os Americanos têm culpa de tudo, até da minha roupa não secar a tempo de a vestir.
Tenho um odio visceral dos Morangos com Açucar...precisava de tirar isto de dentro de mim!
No futebol sei o que é um fora de jogo, a maioria das mulheres não sabe, isso faz-me feliz.
Joguei volei durante 3 anos e hoje em dia levantar o braço é uma coisa que me custa a pala disso.
Sou asmatica, mas fumo como a porra.
Apetece-me comer batatas fritas com batido de morango, é o meu aperitivo preferido, e ovos estrelados com açucar também gosto, é nojento eu sei, mas a mim sabe-me pela alma. Gosto do doce com o salgado, para existir um o outro também tem de estar presente.
Não sei se gosto muito de mim, mas faz-me bem dizer que sim e querer acreditar nisso é essencial para eu escrever tanta merda por metro quadrado.
Gosto muito de ouvir o Bruno Nogueira, tem um bom sentido de humor.
Penso que o euro Milhões iria resolver muitos dos meus desejos, mas ele nunca me calha, é tipo o génio da lâmpada, eu farto-me de esfregar a puta da lâmpada mas o gajo teima em ficar lá dentro, o que ele quer sei eu!!!
Acreditei no Pai Natal até ao ultimo Natal, depois fartei-me do gajo e agora sou adepta do Coelho, mas também não gosto muito da Páscoa, afinal de contas mataram um homem nessa altura, com pregos, não creio que consiga festejar uma coisa destas. Sou fã é de ferias, mas também não as tive, foi só uma ideia passageira que calhou aos outros.
Odeio a frase "Só os duros é que penetram", não gosto do tom desta frase.
Não gosto a TVI, e não é por causa do Morangos, não gosto porque prefiro a SIC, a TVI parece a Revista Maria ao vivo com a Moura Guedes como interlocutora...haja gosto nesta vida!!
Gosto de vacas, acho que são simpaticas.
Fumei 6 cigarros enquanto escrevi este texto, adorei.
Espreita tu és o meu melhor amigo e sabes disso, o meu maninho querido, nenhum homem me atura tanta neurose como tu e eu nunca te agradeço a paciência, mas os amigos são mesmo assim, curto-te a brava!
Digo asneiras de uma forma convincente, foi para isso que elas foram criadas, para dar enfase a ideias que só por si não têm fundamento, não é para me chamarem de mal educada, escusam de ofender a minha santa mãe que não merece, ela esforçou-se tanto e não era justo dizerem uma coisa dessas. Para além do mais eu parto os dentes a quem fizer isso!
Não gosto de uma civil que anda por cá, tem cara de sapo e usa o Printil, a mulher é caloteira, linguaruda, falsa como as cobras, quando vai ao WC não faz a descarga, toda a gente sabe é ela, o Printil não engana!!!
Adormeço quase sempre por volta das duas da manhã, dai que haja sempre explicação para a minha má disposição matinal, para além disso tenho o vicio mórbido de pôr o despertador a tocar de cinco em cinco minutos.
Oiço musica sempre alto, nunca exagero no perfume que ponho, se pinto os olhos não pinto os lábios, se uso mini saia não uso decote, se uso decote não uso saia.
Gosto dos pasteis de Belém, não me preucupa a forma fisica, mas faço desporto e sou meia para o vegetariano, tenho horror em pensar que matam para eu comer, prefiro a ideia de que a carne nasce toda no Continente.
Sou livre, é um facto, mas tenho uma data de pessoas que mandam em mim e eu tento não ligar mas acabo por lhes fazer as vontades, também gosto bem deles, são bem dispostos e dizem "por favor", gosto disso.
Já tomei Xanax, é muito fixe, sonhava como a porra e eram sempre coisas más. Já fumei charros, mas não gostei lá muito, tinha consiência que se a minha mãe soubesse era deserdada, não é que me anime muito herdar vinhas e casas na Serra da Estrela...mas sempre é melhor que ser Benfiquista ou Sportinguista!!! :s
As pilhas do mp3 acabaram, bem como a minha paciência para escrever.

terça-feira, março 28, 2006

Hora de Almoço...

Como é critica a nossa hora de almoço...
As conversas atingem as vezes um nível de humor quase mórbido.
Rapariga X: A minha mãe veio super contente do ginecologista!
Rapariga Y: Então porquê?
Rapariga X: Porque estava tudo bem, até com o peso e tudo e melhor ainda, ainda não tinha entrado na menopausa! Ia voltar a tomar a pilula...
Rapariga Y: Ah! foi a revisão dos 30.000KM!!!!!
Rapariga X: ...
Nada comparado quando falamos das nossas avós, é sempre agradavel alguém nos dizer " Não consigo falar com a minha avó, não adianta, ela é surda!" Ou então, " A minha avó tem terrenos, mas é cega, acerta nas árvores todas!"
Melhor ainda é lembrar dos nossos animais domésticos...ou melhor, da forma como um rato é assassinado por uma menina de 4 anos que o enfiou num balde de água rás! Ao menos não se queimou nas mãos...
Gostei particularmente de me lembrar que já tive piolhos, papeira, e varicela...é sempre bom lembrar-me de comichões horriveis, de dores insuportáveis em todo o lado, andar desfigurada, sem dentes a frente, com o cabelo curto...mas também é fixe porque não ia a escola...mas como é que não querem adolescências complicadas se não nos facilitam nada a porra da infância!?
Também tem o seu quê de graça quando falamos de gases, e depois partilhamos a ideia, literalmente, o que eu acho estranho, nunca pensei que as mulheres tivessem tantos gases, especialmente dos sonoros...assusta-me um bocado, mas uma verdade é certa, só atingimos um elevado nivel de cumplicidade com os nossos namorados quando somos capazes de o fazer a frente deles, e eles acharem piada ao facto ou pelo menos não parecerem muito chocados...
Com as amigas isso é um dado adquirido...se não tos compram, tens que os dar!!

domingo, março 26, 2006

O meu povo

O meu povo é negro,
da cor da noite, da cor da força,
é o meu povo,
aquele que me viu crescer,
que brincou comigo nas praias ao domingo,
que me ensinou a respeitar a natureza,
a prezar a vida humana.
Agora fazem parte do meu passado,
já não me sinto mais sua filha,
eles sofrem na distância,
não se entendem entre eles,
e a lei que impera,
é aquela que passa por cima de todos.
Pouco sabem acerca da felicidade,
o meu povo, é de revolta,
de armas,
de sangue...
Nada temem, nada há a temer
quando já se sabe que se vai morrer.
O meu povo é uma dor minha,
um choro que só eu lhe conheço o sabor,
um lamento que os seus filhos não aliviam.
O meu povo é o meu princípio,
será um dia o meu fim,
poderá ser sofredor, matar e destruir,
nada disso o tira de mim.
É o meu povo,
negro,
ensanguentado,
cansado...
é o meu povo mesmo assim!

Angel 6/7/95 a muito tempo atrás eu fiz isto, e hoje lembrei-me dele, lembrei-me do que me liga a vida...

terça-feira, março 14, 2006

Não olhes para trás...

Vira as costas, não olhes mais para trás. Sabes bem que não vai valer a pena, que tudo é tão surreal para ser verdade que até acordada pensas que vives num sonho.
Mas podes acordar, aliás deves acordar desse sonho que é nada mais nada menos que um pesadelo.
A mentira é como o azeite, vem sempre ao de cima, e tu no fundo sabes a verdade, mesmo que não te digam qual delas é de facto a mais correcta, porque a dada altura é tanta gente a falar que nunca sabes para que lado te vais virar.
Lamento tanto o que te aconteceu, foi injusto e foi cruel, não tenho palavras para descrever o quão mau foi, não tenho coragem de te reavivar a memória porque sei o quanto te faz sofrer e o quanto te vai pesar na cabeça por longos tempos. O meu lamento mais não serve a não ser para te lembrar que existem coisas boas do outro lado e que muitas delas estão a tua espera para que agora as possas viver, como também eu as pude viver quando abri a porta. Então pega em ti, reúne as tuas forças e abre a porta, vem ver como o dia esta lindo, vem sentir o frio na cara, a chuva que já se despediu, o calor que começa a surgir devagarinho juntamente com as pequenas vidas que sempre acordam nesta altura. Abre a porta e sai a noite, vem ouvir as músicas que tu tanto gostas, vem te rir com os teus amigos que tanto adoram a tua presença e fazem questão de te ajudar a atravessar o teu deserto. Essa porta pode te ajudar a ter novos objectivos, pode te ajudar a crescer um bocadinho mais, porque os tombos que damos servem nada mais, nada menos do que para nos levantarmos dele e assim a mente evolui e passamos ao patamar seguinte, porque viver é ultrapassar patamares e cada um é sempre mais alto que o outro, mas se Deus não quisesse que a gente os vencesse, não nos faria tão fortes.
Acredita em ti, como pessoa que és, acima de tudo limpa-te de culpas, de remorsos, de palavras que querias ter dito mas que não conseguiste dizer porque as lágrimas atrapalharam tudo, arruma numa caixa bafienta as mentiras que te contaram, os insultos que nada eram senão despeito, coloca a tua dor no vazio e deixa-a ir se embora com o tempo, ainda não criaram pomadas para essa dor, para as outras tens o Panadol!!
Tens sempre o meu abraço, vais me ter sempre a teu lado para te dizer que tudo corre bem, e tu sabes que corre, no fundo desse teu desespero sabes que corre, pois eu sou a tua prova viva, sabes bem a minha história, a minha cruz…ajudaste-me a levar a minha, agora e como sempre na nossa vida eu vou te ajudar a levar a tua.
Temos os tijolos amarelos a nossa frente, quero que abras a tua porta, como eu abri a minha, quero que venhas para o sol comigo, de óculos escuros, com T-Shirts dos Fantastic Four, e Malteesers para adoçar a vida, dá-mos as mãos e lá vamos nós aos saltos com o Tóto, o cão imaginário (que mesmo assim odeias) fingimos que estamos em outra dimensão, que as coisas realmente aconteceram mas que agora é altura de andar para frente que nós fazemos com que o resto todo funcione, porque nós somos movidas pela força de vontade, não pela sorte. Lembra-te de mim e vais ter as soluções todas.

terça-feira, março 07, 2006

Ciúme

Tenho uma amiga minha que me serve de cobaia, olho para ela e digo todos os dias a mim mesma: "Se eu fosse assim, cortava os pulsos com uma faca de serra!!".
Vivemos as duas num quarto, temos que nos aturar sistematicamente 24h por dia e mesmo assim, temos sempre assunto, é uma coisa fantástica entre as mulheres, criar assunto. De qualquer forma ela tem um problema, não o posso considerar um defeito, mas sim um grave problema, pois ela não o consegue resolver de forma alguma. É o cúmulo do ciúme!! A mulher vive agarrada ao telefone, a espera de duas coisas, que o namorado telefone, ou que outras pessoas lhe digam que ela é de facto o "veado" do ano, isto porque a maldade das pessoas não vem com frases simples do estilo "ele tem outra", não, geralmente começam com a palavra bacanal e depois acabam com a palavra órgia, isto para ela não ter duvidas que ele prevaricou que chega...
Não percebo as vezes é qual é o interesse das pessoas nisso, acho um tanto ou quanto obscuro até porque não têm nada a haver com isso, se falarem vão ser odiados a mesma, acabam muitas vezes por perder amizades só porque a boca tem dificuldade em estar em stand by, e pior, nunca têm a certeza do que dizem, são apenas boatos, rumores, ouviram de outros lados...com que intenções?
Se a Victoria Beckam conseguisse ler (o que acho que já era altura menina) acham realmente que ela ia de facto deixar o Beckam? É cornuda, mas tem o Beckam! Creio que aquela parte em que ele faz anûncios para a Gillette tem muito a haver com o amor que sentem um pelo outro...ela não sofre por antecipação, quando o vir um dia na cama com a empregada lá de casa, ai sim...ela de certeza que pega e vai curar o par de chifres para um spa lindo na Tailândia, faz 30 plasticas e tratamentos de emagrecimento, junta-lhe uma banda gástrica no cerébro... e depois fica-lhe com os filhos, com o dinheiro, com as casas...mas até lá, a menina que é tão burrinha, tão tolinha, tão magrinha...vai curtindo a vida dela sem ter grandes crises existênciais! Porque não se deve sofrer sem certezas e essas só com os nossos olhos, não com os dos outros!
Eu como sou do mais básico que existe, ou seja, a melhor candidata a ter valentes pares de cornos, nunca desconfio de nada, e tento sempre adoçar a pilula, até porque uma coisa são outras pessoas verem, e outra é nós levarmos com a verdade pela frente e vermos o nosso namorado a sair de casa as 9 da manhã acompanhado de uma bela espanhola...é diferente!
O ciúme faz bem de vez em quando, existe sempre uma pequena satisfação em sermos alvo do ciúme, faz bem ao ego, começamos a pensar em duelos e em cenas com espadas e armas antigas...bottom line is...nós acabamos sempre no lucro, eles é que se lixam. Por outro lado quando somos nós a ter ciúmes, a conversa muda totalmente de figurino, as vezes até nos sentimos ridiculos por pensarmos certas coisas, sim porque ninguém trai 24h por dia, é um absurdo, normalmente as traições duram duas horas e fumasse o cigarro a descer as escadas. Não sei o que é ter ciumes, não é por nunca ter gostado, sou crente!! Tenho em mim uma fé muito grande nas pessoas, acredito que existam sinais que qualquer mortal se apercebe com relativa facilidade, as vezes não são as palavras, não são os gestos, mas sim a ausência de isso tudo, não existe nada e nós sabemo-lo bem, ninguém precisa de nos dizer, está a olhos vistos.
O ciúme definha as pessoas, a relação entre elas, é como se fossemos ver um filme e a nossa imaginação vai tão a frente que nem ainda chegamos ao intervalo e já sabemos o fim, ou pelo menos pensamos que sim, porque no ciúme não existem duvidas é tudo certezas, ouvimos os outros com afinco, vigiamos as saidas e os lugares, vasculhamos carteira e telemóvel, fazemos perguntas parvas que ninguém percebe, respondemos mal quando nos falam, montamos armadilhas em que os únicos a cair somos nós mesmos, isto tudo porque não acreditamos.
Por isso é respirar fundo...o que é afinal um par de cornos?! A certeza absoluta que somos melhores de caracter...nunca nos devemos deixar afectar pelas coisas más que os outros são capazes de fazer, corremos o risco de, com o tempo vir a fazer o mesmo ou pior...
Viver cada dia, bem devagar, enquanto ainda podemos, enquanto ainda somos capaz de ir a procura de uma felicidade ainda maior, ela acaba por vir de qualquer maneira, não se contraria o destino, pois ele vem ao nosso encontro.