quarta-feira, maio 16, 2007

Quando voltamos a casa...

Tinha 21 anos, volto com 30, quase 10 anos têm um efeito na vida das pessoas que a dada altura se torna tão assustador como real. Pensamos muitas vezes que pouco mudou, mas então reencontramos os nossos amigos e sabemos logo que tudo mudou, que nós mudamos também. Nada no mundo é inalterável!
Encontrei-os rápido, eles lá foram surgindo como se a noticia de eu estar de volta fosse a peste negra e se espalhou por todo o lado, e de todo o lado os meus amigos de sempre vieram. Um por um, encontrei-os!
Gosto de os vêr nos fatinhos de engenheiros, com os filhos que lhes seguram as mãos, gosto de os vêr casados ainda com as namoradas do secundário, prova viva que existem coisas que são mesmo feitas para durar, gosto de conversar com eles por horas e, pensar e, rir das coisas que faziamos e pensavamos, do que seria mais importante para o futuro, do que realmente contaria para a nossa felicidade, das coisas que queriamos viver custasse o que custasse...
Sempre disse que voltava...
Cheirar as vinhas do Douro, sentir o calor que estala a terra e faz com que fique mais verde do que nunca, abraçar os meus pais, dormir na minha cama, ter posse segura finalmente do meu mundo e saber ou pelo menos desejar, por um segundo que seja, que estou onde pertenço estar, pelo menos por enquanto, pois uma alma irrequiéta, eternamente insatisfeita, não tem raizes nem fundações, vai com o vento, com as marés.
As coisas mudaram, as pessoas mudaram, mas permanece ainda aquele sorriso de traquinice que tinhamos, com os nossos 30 anos apreciamos o mesmo que apreciavamos a uns bons 15 anos atrás, podemos ter namorados, maridos e filhos, e trabalhos de uma imensa responsabilidade...mas no fundo, quando nos juntamos, somos ainda os putos da escola que fumavam as escondidas na casa de banho, mandavamos postais do dia dos namorados uns aos outros em segredo, jogavamos a bola e chateavamo-nos quando perdiamos, somos ainda os putos com medo dos exames nacionais, ainda os mesmo putos que mergulhavam no rio vestidos mal o sol aquecesse a água...eramos amigos, permanecemos amigos apesar do silêncio, da distância, da não presença na vida uns dos outros.
Quando voltamos a casa, voltamos não só ao espaço, mas a uma dimensão muito superior a nós próprios, voltamos ao passado por breves instantes e podemos parecer tolinhos quando sorrimos sozinhos, mas sabemos sempre porque o fazemos, porque os nossos amigos o fazem também.

terça-feira, maio 15, 2007

O "luto"

Hoje estive a conversa, ela tem mais de 40 anos, tem uma vivência terrível, conseguimos de facto admirar a pessoa em si, não por aquilo que alcança, mas pelas ideias e pela honestidade com que as diz, acho sempre isso muito importante.
Ela disse "o maior erro que uma pessoa faz é envolver-se com alguém que termina uma relação a pouco tempo", seja casamento ou um simples namoro o nosso maior erro será ser de facto a pessoa que se segue.
As pessoas precisam de um período de "luto", de chorar o que termina sem pensarem que precisam logo de algo para ocupar o vazio, precisam de tempo para equilibrar o seu ecossistema, organizar a vida de outra forma, mudar os hábitos, criar novas manias, ter objectivos alterados e mais vivos do que nunca na cabeça.
Não se trata de traumas, mas de apenas atingir a capacidade de viver a vida de novo, sem a presença ou ausência de alguém, contar apenas conosco próprios, pensar se erramos, no que é que erramos, tentar vêr ou perceber no que é que os outros erraram, pois não devemos ficar com as culpas de tudo o que acontece, pois numa relação existem duas pessoas e se algo como uma separação acontece é porque os dois tiveram culpa. Então ficamos bem é recolhidos a um novo mundo que aos poucos vamos criando, sem deixar ninguém entrar, vamos pôr a disposição da casa conforme queremos e mudamos os cheiros que tinha anteriormente, puxamos um pouco pelo lado criativo e empenhamo-nos mais nas coisas que antes deixavamos de lado, cuidamos essencialmente de nós e de mais ninguém. Numa relação passamos sempre muito tempo no "nós" mas quando ela termina é a altura do "eu" e enquanto isso for tudo o que nos importa será realmente mau para quem se aproxima de nós e tem sentimentos acerca de nós, pois simplesmente o outro lado, o nosso lado, não quer, não precisa, está perdido nas coisas do passado, a tentar recompor a vida, não precisa de ter mais sentimentos confusos, até porque não é de estranhar que as relações que seguem logo tenham um tempo de duração curtissímo, pois passamos a vida em comparações e a pensar cá para nós que antes não era assim, mas nós até gostavamos da forma como era antes e não queremos que mude, afastamo-nos, não devolvemos o que em outra situação poderiamos devolver, nós não queremos dar, nem receber tão pouco, pois o que se recebe é sempre alvo de criticas macrabas! Queremos o silêncio...
Quando terminei a minha relação de 5 anos estudei mais num ano do que em dois!
As que se seguiram foram uma espécie de treino, comparei sempre, coisas boas, coisas más, tive de perder esse vício para poder seguir com a minha vida como agora a tenho, tive de passar algum tempo comigo, habituar-me ao meu "eu" sozinho a divertir-me comigo mesma, a repensar certas coisas por mim, a ser finalmente egoísta, merecia isso, agora sim, agora posso dizer que estou bem, como nunca estive algum dia desde a dois anos para cá, mas literalmente sinto-me completa, aprendi com os meus erros, acertei ponteiros, ganhei auto-estima até dizer enough! Emagreci, eduquei-me, melhorei os meus objectivos, atingi a maioria deles e tenho outros na forja com uma ansiedade terrível de os levar a bom porto...eu descobri-me!
O período de "luto" geralmente é feito em grande turbulência, nem sempre acontecem coisas boas de facto, mas se a dada altura abrir-mos os olhos aprendemos com os erros e com tudo o que já temos no "curriculo" então vamos conseguir de facto voltar não ao mesmo que eramos na altura da relação, mas a uma nova versão de nós, melhorada, digamos que aperfeiçoada...
A maturidade não vem de um dia para o outro e conseguir ter e manter o que eu considero uma relação perfeita ou boa, porque nada neste mundo é perfeito, demora muito tempo, dá muito trabalho, mas as vezes da-mos voltas de 360º pois quando abrirmos os olhos estamos de facto no mesmo sitio, o que, se pensarmos que nos faz bem, não será considerado mau de todo somos então mais felizes, mais sorridentes...mais completos!

quinta-feira, maio 10, 2007

Gostava de poder mudar as regras do mundo, ser uma espécie de fada cujo trabalho seria de facto dar algum sentido a vida das pessoas. Não sinto de forma alguma que a minha vida não o tenha, mas o meu lado nada egoista de olhar para as outras pessoas permite-me pensar não só em mim mas em tudo e em todos que me rodeiam, com a qual interajo, ou mesmo em relação ás pessoas que vejo simplesmente passar na rua. Tal obviamente não é possível, isto é tão só uma daquelas coisas que nos passa pela cabeça quando estamos cansados de injustiças, a mim cansa-me o mundo...
Não percebo porque uns têm jactos particulares e outros ainda andam de carroça de burro, em tudo no mundo temos o 8 e o 80, o meio termo nunca chega a andar de burro porque passa a miserável existência toda a trabalhar que nem um cão, mas também por mais que trabalhe, sabe perfeitamente que é só para não andar de burro pois nunca consegue alcançar só com o trabalho o jacto particular, limita-se a andar de triciclo.
Seria tão bom que todos pudessem ter o mesmo, de igual forma, uma espécie de comunismo educado, onde todos teriam as mesmas oportunidades, as mesmas posses, provavelmente se assim fosse teriamos um equilíbrio, ou não, lamentavelmente a cupla disto tudo é tão somente nossa, a vontade de ter sempre mais, ser sempre mais, como se fosse exigido uma espécie de superioridade para com os outros. Falta tanta humanidade...na minha futura profissão, que supostamente seriam os profissionais que deveriam conhecer melhor o conceito, falta, e eu sei disso tão bem, médicos e enfermeiros com uma frieza tão grande dentro deles, incapazes de ter um gesto, uma gentileza, a quem tanto sofre, incapazes de reconhecer que naquele mesmo lugar vão parar, em situações melhores ou piores, mas que caiem lá todos caiem, e mesmo assim não são capazes de ser o que gostariam que fossem para eles. Ganham autênticos balurdios, têm a confiança das pessoas a um nível elevadissímo, e mesmo assim muitos deles, não digo todos, são uns valentes parvalhões no tratamento e ainda se dão ao luxo de meterem o pés a força toda, tudo porque tinham boas notas, o pai até tinha dinheiro para o formar e porque não ser médico ou enfermeiro? Ganha-se bem e tudo!!! E onde está aquela parte do "vou tratar seres humanos como eu?"...pois, perdida algures nos grandes calhamassos de anatomia que têm de decorar.
Os políticos apresentam-se todos bonitinhos, enfiados em grandes fatos com belas gravatinhas a condizer, dizem eles que são formados, eu já tenho as minhas dúvidas, e falam, dissertam por horas se for necessário, para serem eleitos falam de medidas que poucos percebem que irão tomar, com um parafraseado todo elaborado e correcto em pontuação. Depois falam em apertar os cintos, em crises que têm de ser superadas, pois...essas crises são superadas a custa do trabalho do povo, dos impostos enormes que pagam, mas tem de ser assim segundo eles, não me explicam a mim e aos outros porque têm eles então o ordenado que têm, nem tão pouco porque as férias deles são passadas fora do país, nem porque eles têm direito a carros bons, a horários fixes no trabalho...são os verdadeiros especiais de corrida! Acreditar num politico será a mesma coisa que acreditar que o Pai Natal existe, é tudo pura publicidade em determinada altura do ano, mas o raio do velho barbudo ainda anima as crianças e esses chulos animam quem?
Nem todos podem ser patrões, ou chefes, é um facto que nunca se pode discutir, capacidades e limitações todos nós as temos, mas eu penso como será a consciência de algumas pessoas, donos de empresas e de fábricas, que exploram as pessoas que contribuem para a sua própria riqueza, como conseguem dormir a noite? Como lhes surge a eles a paz que tanto lhes aparece na tromba? Será que é assim tão dificil ser humilde e apreciar o trabalho dos outros e devolver de alguma forma o bem que nos fazem? Vejo todos os dias a mulheres que trabalham por cá na área da limpeza, o desânimo patente no rosto delas, ao final do mês têm sempre duvida se a empresa lhes paga ou não, se ficarem doentes vêm trabalhar a mesma pois não pagam baixas, eu oiço elas a falarem entre elas, a perguntarem umas as outras se serão capazes de ter dinheiro para pagar a casa no final do mês, ou se conseguem juntar dinheiro para os livros dos meninos no inicio do ano, também elas são mães e têm todo o direito que quererem um futuro diferente para os filhos delas, mas esse futuro aparece-lhes a frente tão incerto como o delas mesmo.
Não acredito que isto seja exclusivo nesta parte do mundo, até os que trabalham fora daqui e que no verão cá aparecem com ares de importância sabem bem o que lhes custa o ano inteiro a trabalhar que nem escravos em condições tão más que muitos se perguntam como ainda o suportam, nada é diferente neste mundo, muda o nome do país e a lingua mas de resto o tratamento normal de um ser humano para o outro é sempre o mesmo, são maus, são injustos, são arrogantes...ninguém levanta a mão para ajudar ninguém.
Uma vez vi num filme uma personagem que dizia "a riqueza a mim cansa-me", confesso que me ri, imaginei tanta coisa egoista que poderia fazer com aquela quantidade de dinheiro, claro, não vou dizer que pensei nos outros que não conheço, pensei em mim e nos meus, no meu bem estar, nas minhas coisas, porque no fundo somos todos educados para o egoísmo, porque se ser rico cansa, ser pobre cansa muito mais e ninguém neste mundo quando tem algo, dinheiro nomeadamente, quer alguma vez mais pensar em pobreza? A pobreza fica bem escondida, longe dos olhos das pessoas, com a pobreza vem a falta de educação, a violência, o crime...pensam geralmente assim, mas posso dizer que também já vi muito rico burro que nem uma porta porque o dinheiro pode comprar livros, mas não tos faz ler, vi muito filho de boa família bater nos pais, na mulher, nos filhos...e os ricos, também cometem crimes, de colarinho branco, crime mais refinados, mas também são apanhados e condenados e aí surge aquela ideia que eu adoro e gosto que eles pensem " Sou igual a qualquer outro", não é mais nem melhor, é simplesmente a mesma merdinha que é um pobre desgraçado que rouba ou que mata, um monstro.

segunda-feira, maio 07, 2007

Dediquei-me ao cinema este fim de semana, foi o melhor que fiz de facto, pois quando começa o sol a espreitar toda a gente resolve sair da toca e Lisboa fica um inferno em todo o lado. Vi uma série de filmes novos que me fizeram o gosto aos olhos, o "300" é de facto uma boa obra, não só pelo lado histórico, mas também pela forma como o filme é concebido, em termos gráficos é qualquer coisa de fantástico, existem passagens no filme de uma intensidade única, é um filme forte, bem conseguido realmente, e claro, não é todos os dias que podemos dizer que o Rodrigo Santoro está feio como cornos!!
Outro filme que gostei bastante também foi a versão moderna dos lobisomens, o "Sangue e Chocolate", claro que é um filme de fantasia, mas dentro da área, está de facto agradável e engraçado, nunca são os meus filmes preferidos, eu sou mais rapariga de vampiros, gosto de gajos de dentes grandes e bonitos, aquela coisa toda do pelo dos lobisomens incomoda um bocadinho. De qualquer forma neste filme o lobisomem não é um homem, é um belo lobo e se existe animal que é realmente bonito, o lobo está entre os primeiros, daí que considere a ideia do filme em si, muito original e nada aborrecida.
" Alpha Dog" também está bom, é o lado merdoso da juventude americana, e ainda por cima é baseado em factos reais, no inicio é uma seca terrível, custa um pouco a perceber para onde o filme se encaminha, mas depois de raptarem o miudo, basicamente fica tudo mais do que visto, embora o final seja um pouco surpreendente pois não contava com tanta maldade por parte das pessoas, especialmente miudos novos. Ainda bem que este filme provavelmente nunca será exposto em Portugal, não que goste de tapar o sol com a peneira, mas apenas acho que poucos miudos compreendem muitas vezes o que é certo e o que é errado e as vezes as mensagens que os filmes querem pôr cá para fora não são muitas vezes percebidas.
Seguiu-se o novo filme do Al Pacino! "88 Minutos", O homem de facto é um ícone do cinema, desde o Padrinho é impossível ver este homem num papel de porcaria, ele é simplesmente perfeito. O filme tem uma boa história, especialmente para quem gosta de serial killers e CSI, existem sempre algo de sublime na revelação de um crime, podemos até recear, pensar que não somos capazes, mas eu pelo menos falo por mim, gosto imenso de perceber a mente de um assassino. O filme simplesmente baralha-nos do princípio ao fim, sentimos uma ansiedade em descobrir quem está por detrás de tudo que se torna insuportável, desconfiamos de toda a gente e por vezes sentimos o que a personagem sente, este foi o meu preferido, sem duvida alguma.
Também já vi as Pragas...odiei! O filme de terror é basicamente um enorme zero, tem algumas coisas engraçadas de facto, é o filme com mais insectos que eu já vi na minha vida, nunca pensei que os gafanhotos pudessem ser armas mortíferas, mas de qualquer forma embora o argumento não esteja mal, acho que faltava um certo sal no raio do filme, algo que me fizesse levantar da cadeira...não conseguiu!
No final já via até a "Teia da Carlota"...ok, é perfeito para crianças! Porcos, aranhas, ovelhas, cavalos... a falar não é propriamente a minha ideia de um filme interessante, mas para quem tem crinacinhas é válido e para quem é racista e xenófobo também, tem uma boa lição de moral, algo que toda a gente já deveria saber a mais de dois séculos.
Não sou, de longe, critica alguma de cinema, mas todos temos sempre uma pequena noção do que gostamos de vêr, estes foram os filmeszinhos que eu tive a oportunidade de vêr, acreditem que ao olhar para os parques, para as praias, para os centros comerciais durante este fim de semana, de facto foi bem melhor agarrar-me as pipocas e dar asas a imaginação, ao menos ela não é empurrada no corredor, não lhe atiram areia para cima e claro, se andar muito, não pisa na porcaria de cão que inunda as nossas ruas, os nossos parques! É bom ficar em casa :)