quinta-feira, maio 10, 2007

Gostava de poder mudar as regras do mundo, ser uma espécie de fada cujo trabalho seria de facto dar algum sentido a vida das pessoas. Não sinto de forma alguma que a minha vida não o tenha, mas o meu lado nada egoista de olhar para as outras pessoas permite-me pensar não só em mim mas em tudo e em todos que me rodeiam, com a qual interajo, ou mesmo em relação ás pessoas que vejo simplesmente passar na rua. Tal obviamente não é possível, isto é tão só uma daquelas coisas que nos passa pela cabeça quando estamos cansados de injustiças, a mim cansa-me o mundo...
Não percebo porque uns têm jactos particulares e outros ainda andam de carroça de burro, em tudo no mundo temos o 8 e o 80, o meio termo nunca chega a andar de burro porque passa a miserável existência toda a trabalhar que nem um cão, mas também por mais que trabalhe, sabe perfeitamente que é só para não andar de burro pois nunca consegue alcançar só com o trabalho o jacto particular, limita-se a andar de triciclo.
Seria tão bom que todos pudessem ter o mesmo, de igual forma, uma espécie de comunismo educado, onde todos teriam as mesmas oportunidades, as mesmas posses, provavelmente se assim fosse teriamos um equilíbrio, ou não, lamentavelmente a cupla disto tudo é tão somente nossa, a vontade de ter sempre mais, ser sempre mais, como se fosse exigido uma espécie de superioridade para com os outros. Falta tanta humanidade...na minha futura profissão, que supostamente seriam os profissionais que deveriam conhecer melhor o conceito, falta, e eu sei disso tão bem, médicos e enfermeiros com uma frieza tão grande dentro deles, incapazes de ter um gesto, uma gentileza, a quem tanto sofre, incapazes de reconhecer que naquele mesmo lugar vão parar, em situações melhores ou piores, mas que caiem lá todos caiem, e mesmo assim não são capazes de ser o que gostariam que fossem para eles. Ganham autênticos balurdios, têm a confiança das pessoas a um nível elevadissímo, e mesmo assim muitos deles, não digo todos, são uns valentes parvalhões no tratamento e ainda se dão ao luxo de meterem o pés a força toda, tudo porque tinham boas notas, o pai até tinha dinheiro para o formar e porque não ser médico ou enfermeiro? Ganha-se bem e tudo!!! E onde está aquela parte do "vou tratar seres humanos como eu?"...pois, perdida algures nos grandes calhamassos de anatomia que têm de decorar.
Os políticos apresentam-se todos bonitinhos, enfiados em grandes fatos com belas gravatinhas a condizer, dizem eles que são formados, eu já tenho as minhas dúvidas, e falam, dissertam por horas se for necessário, para serem eleitos falam de medidas que poucos percebem que irão tomar, com um parafraseado todo elaborado e correcto em pontuação. Depois falam em apertar os cintos, em crises que têm de ser superadas, pois...essas crises são superadas a custa do trabalho do povo, dos impostos enormes que pagam, mas tem de ser assim segundo eles, não me explicam a mim e aos outros porque têm eles então o ordenado que têm, nem tão pouco porque as férias deles são passadas fora do país, nem porque eles têm direito a carros bons, a horários fixes no trabalho...são os verdadeiros especiais de corrida! Acreditar num politico será a mesma coisa que acreditar que o Pai Natal existe, é tudo pura publicidade em determinada altura do ano, mas o raio do velho barbudo ainda anima as crianças e esses chulos animam quem?
Nem todos podem ser patrões, ou chefes, é um facto que nunca se pode discutir, capacidades e limitações todos nós as temos, mas eu penso como será a consciência de algumas pessoas, donos de empresas e de fábricas, que exploram as pessoas que contribuem para a sua própria riqueza, como conseguem dormir a noite? Como lhes surge a eles a paz que tanto lhes aparece na tromba? Será que é assim tão dificil ser humilde e apreciar o trabalho dos outros e devolver de alguma forma o bem que nos fazem? Vejo todos os dias a mulheres que trabalham por cá na área da limpeza, o desânimo patente no rosto delas, ao final do mês têm sempre duvida se a empresa lhes paga ou não, se ficarem doentes vêm trabalhar a mesma pois não pagam baixas, eu oiço elas a falarem entre elas, a perguntarem umas as outras se serão capazes de ter dinheiro para pagar a casa no final do mês, ou se conseguem juntar dinheiro para os livros dos meninos no inicio do ano, também elas são mães e têm todo o direito que quererem um futuro diferente para os filhos delas, mas esse futuro aparece-lhes a frente tão incerto como o delas mesmo.
Não acredito que isto seja exclusivo nesta parte do mundo, até os que trabalham fora daqui e que no verão cá aparecem com ares de importância sabem bem o que lhes custa o ano inteiro a trabalhar que nem escravos em condições tão más que muitos se perguntam como ainda o suportam, nada é diferente neste mundo, muda o nome do país e a lingua mas de resto o tratamento normal de um ser humano para o outro é sempre o mesmo, são maus, são injustos, são arrogantes...ninguém levanta a mão para ajudar ninguém.
Uma vez vi num filme uma personagem que dizia "a riqueza a mim cansa-me", confesso que me ri, imaginei tanta coisa egoista que poderia fazer com aquela quantidade de dinheiro, claro, não vou dizer que pensei nos outros que não conheço, pensei em mim e nos meus, no meu bem estar, nas minhas coisas, porque no fundo somos todos educados para o egoísmo, porque se ser rico cansa, ser pobre cansa muito mais e ninguém neste mundo quando tem algo, dinheiro nomeadamente, quer alguma vez mais pensar em pobreza? A pobreza fica bem escondida, longe dos olhos das pessoas, com a pobreza vem a falta de educação, a violência, o crime...pensam geralmente assim, mas posso dizer que também já vi muito rico burro que nem uma porta porque o dinheiro pode comprar livros, mas não tos faz ler, vi muito filho de boa família bater nos pais, na mulher, nos filhos...e os ricos, também cometem crimes, de colarinho branco, crime mais refinados, mas também são apanhados e condenados e aí surge aquela ideia que eu adoro e gosto que eles pensem " Sou igual a qualquer outro", não é mais nem melhor, é simplesmente a mesma merdinha que é um pobre desgraçado que rouba ou que mata, um monstro.