terça-feira, maio 15, 2007

O "luto"

Hoje estive a conversa, ela tem mais de 40 anos, tem uma vivência terrível, conseguimos de facto admirar a pessoa em si, não por aquilo que alcança, mas pelas ideias e pela honestidade com que as diz, acho sempre isso muito importante.
Ela disse "o maior erro que uma pessoa faz é envolver-se com alguém que termina uma relação a pouco tempo", seja casamento ou um simples namoro o nosso maior erro será ser de facto a pessoa que se segue.
As pessoas precisam de um período de "luto", de chorar o que termina sem pensarem que precisam logo de algo para ocupar o vazio, precisam de tempo para equilibrar o seu ecossistema, organizar a vida de outra forma, mudar os hábitos, criar novas manias, ter objectivos alterados e mais vivos do que nunca na cabeça.
Não se trata de traumas, mas de apenas atingir a capacidade de viver a vida de novo, sem a presença ou ausência de alguém, contar apenas conosco próprios, pensar se erramos, no que é que erramos, tentar vêr ou perceber no que é que os outros erraram, pois não devemos ficar com as culpas de tudo o que acontece, pois numa relação existem duas pessoas e se algo como uma separação acontece é porque os dois tiveram culpa. Então ficamos bem é recolhidos a um novo mundo que aos poucos vamos criando, sem deixar ninguém entrar, vamos pôr a disposição da casa conforme queremos e mudamos os cheiros que tinha anteriormente, puxamos um pouco pelo lado criativo e empenhamo-nos mais nas coisas que antes deixavamos de lado, cuidamos essencialmente de nós e de mais ninguém. Numa relação passamos sempre muito tempo no "nós" mas quando ela termina é a altura do "eu" e enquanto isso for tudo o que nos importa será realmente mau para quem se aproxima de nós e tem sentimentos acerca de nós, pois simplesmente o outro lado, o nosso lado, não quer, não precisa, está perdido nas coisas do passado, a tentar recompor a vida, não precisa de ter mais sentimentos confusos, até porque não é de estranhar que as relações que seguem logo tenham um tempo de duração curtissímo, pois passamos a vida em comparações e a pensar cá para nós que antes não era assim, mas nós até gostavamos da forma como era antes e não queremos que mude, afastamo-nos, não devolvemos o que em outra situação poderiamos devolver, nós não queremos dar, nem receber tão pouco, pois o que se recebe é sempre alvo de criticas macrabas! Queremos o silêncio...
Quando terminei a minha relação de 5 anos estudei mais num ano do que em dois!
As que se seguiram foram uma espécie de treino, comparei sempre, coisas boas, coisas más, tive de perder esse vício para poder seguir com a minha vida como agora a tenho, tive de passar algum tempo comigo, habituar-me ao meu "eu" sozinho a divertir-me comigo mesma, a repensar certas coisas por mim, a ser finalmente egoísta, merecia isso, agora sim, agora posso dizer que estou bem, como nunca estive algum dia desde a dois anos para cá, mas literalmente sinto-me completa, aprendi com os meus erros, acertei ponteiros, ganhei auto-estima até dizer enough! Emagreci, eduquei-me, melhorei os meus objectivos, atingi a maioria deles e tenho outros na forja com uma ansiedade terrível de os levar a bom porto...eu descobri-me!
O período de "luto" geralmente é feito em grande turbulência, nem sempre acontecem coisas boas de facto, mas se a dada altura abrir-mos os olhos aprendemos com os erros e com tudo o que já temos no "curriculo" então vamos conseguir de facto voltar não ao mesmo que eramos na altura da relação, mas a uma nova versão de nós, melhorada, digamos que aperfeiçoada...
A maturidade não vem de um dia para o outro e conseguir ter e manter o que eu considero uma relação perfeita ou boa, porque nada neste mundo é perfeito, demora muito tempo, dá muito trabalho, mas as vezes da-mos voltas de 360º pois quando abrirmos os olhos estamos de facto no mesmo sitio, o que, se pensarmos que nos faz bem, não será considerado mau de todo somos então mais felizes, mais sorridentes...mais completos!