Dois anos...
Passaram-se como se fossem um suspiro. Estava entretanto a ler o somatório do que tinha escrito por aqui acerca do meu primeiro ano. É verdade, foi um ano muito mau. Mas superei-o!
Nada mudou, continuo a detestar tudo isto...eu sou uma pessoa de sol e de mar, sou pessoa de risada e de samba, sou pessoa de me aninhar ao pé de quem amo e de ter conversas inteligentes com os demais. Aqui tenho conversas inteligentes comigo mesma...com as minha paredes.
Não vou falar de trabalho, nem tão pouco me vou permitir dar asas a mais um rol de queixume e amargura. Eu não sou essa pessoa. Eu sou muito mais do que isso e eu sei que isso não me define.
Agora posso me permitir viajar e pensar em futuro...penso nisto sozinha, estou sem emoções a dois anos, não me apaixono a dois anos, não tenho olhares de desejo para com ninguém, no máximo são de tédio...ou de nojo, qualquer um dos dois funciona no que se trata de ingleses. Por isso todas as imagens que construo na minha cabeça são desprovidas de qualquer companhia, eu aprendi a caminhar sozinha.
A minha mãe um dia disse-me que crescer custava muito e que a mim ia me custar ainda mais, pois eu tenho o intimo de uma criancinha...não sei se isto é aceitável aos 35 anos de idade...no entanto o facto é que me mantenho sem rugas e mantenho apesar dos pesares o meu sorriso sempre presente.
Pergunto-me como será ou melhor, se voltarei realmente gostar de alguém. Eu gostava do meu namorado desmesuradamente, e sempre achei que nunca ia conseguir gostar de alguém como gostei dele, era daqueles amores bonitos, na minha cabeça somente...nada mais. As pessoas conseguem me esquecer com a rapidez de um por do sol, e pior, creio que nunca me chegam a conhecer na minha realidade. Eu não deixo.
Durante o meu primeiro ano cá, senti-me a amiga substituível e a namorada descartável...
O silêncio é maior forma de magoar alguém. Agora o silêncio é meu.
Quando saio do trabalho o meu melhor momento é quando estou no banho e deixo de ouvir campainhas e vozes...tenho apenas a água a cair desenfreadamente e as maravilhas da solidão.
Deixei de ter planos de casar ou de ter filhos, não me parece que tal vá acontecer tão cedo, nem tão pouco que seja viável dado que,embora não seja velha, já me falta aquele brilho que antes tinha dos contos de fada. A vida tornou-se somente nos tais contos de foda...
Continuo a aguardar por dias de sol, ou melhor dias na Grécia...fui lá e, perdi-me naquele mar e naquele sol, adorei todos os minutos que lá passei e se pudesse escolher onde terminar os meus dias definitivamente seria naquela ilha...aquilo sim é UMA ILHA!!
A vida pode me ter trazido coisas menos boas, más até, no entanto tenho alturas em que ela me permite ser um pouco feliz a minha maneira infantil...agora aproveito-as muito mais, pois o dia de amanhã será sempre uma surpresa e eu, odeio surpresas!