Sabem o que é passar 24h sobre 24h sozinha? È assim o meu mundo, é assim que tenho vivido nestes ultimos meses, por isso começo a pensar que pouco assunto me resta, quando eu sei que só falamos do que nos acontece, e a mim já não me acontece nada.
Tenho um pequeno mundo só meu, nunca lá ninguém entrou, pois acredito que ninguém tem coragem ou vontade para lá ir, e eu também não deixo. Sou uma pessoa dificil, não tenho propriamente aquela postura de "puppy" que agrada a todos, sou de uma practicidade quase fria, com um sentido de humor muito próprio, com uma postura muito firme e nunca abdico do que digo, levo sempre a minha avante. Nunca tive ninguém que me conseguisse perceber e de algum modo me aceitar, as coisas que eu gosto, pouca gente gosta, entro sempre em debates acesos nos quais defendo a minha posição a ferro e a fogo, e por vezes tenho a sensação que sou demasiado teimosa. As vezes nem eu me aceito a mim mesma...
Estou só, sinto-me só, não existe remedio para isto, não existe um comprimido que eu possa tomar para que isto se altere, não posso resumir a minha vida a uma questão prática quando é muito mais do que isso, muito mais do que a vista alcança. Na sexta cheguei a casa e queria tanto falar com alguém normal, tive um dia de cão, daqueles que ninguém gosta de ter mas que impreterivelmente calha a todos, e queria naquele dia ter tido um miserável de um amigo que me abraçasse e que falasse comigo, olhei para o telemovel...desesperei, queria falar mas não conseguia, queria atenção mas não a tive, queria dizer como tinha sido o meu dia, como me tinha custado esta semana de estagio, como chorei por tentar em vão que alguém vivesse, e não tinha conseguido absolutamente nada, queria falar como eu, na minha incrivel arrogância pensava que era Deus e que conseguia de alguma forma remediar todo o mal no mundo, queria falar na minha ambição de compor o que está mal, na minha frustração de me sentir só nisto, de ninguem me entender, de não conseguir o que queria... sou enfim uma pessoa mimada, habituada a pensar que sou omnipresente e omnipotente, para depois olhar para o espelho e ver que sou mais uma rapariga simples, com crises emocionais, com acontecimentos normais, mas que está tão só...
Ninguém olha para mim, tenho corpo, figura, mas ninguém olha para mim, olham e vêm o que querem ver, nada mais além disso, sou uma imagem, nada mais do que isso...