terça-feira, novembro 14, 2006

Radar...operacional a 110%

Quando procuramos algo, as vezes o mais certo é encontrarmos o que não queremos vêr.
Quantas vezes não tivemos nós amigas que são um bocadinho neuróticas com os namorados? Ou melhor, quantas vezes não fomos nós mesmas a neuróticas neste teatro? Verdade seja dita, quando queremos encontrar algo que nos abale a fé no caractér dos homens mais cedo do que pensamos, o que tanto escarafunchamos, vem simplesmente de encontro a nós.
Tenho uma pequena intuição, ela não é lá grande coisa, mas de vez em quando lá vai funcionando e quando sinto que "Algo cheira mal no Reino da Dinamarca", geralmente é porque, realmente, algo podre mora ao pé de mim e eu ainda não liguei o radar para o captar ou então estou demasiado ocupada com a cegueira do meu próprio sentimento.
Nós mulheres somos, quando estamos nestas fases de encantamento/estupidez, capazes de obliterar da nossa memória sinais evidentes de que afinal as coisas não são como pensamos, nem tão pouco as pessoas são tão correctas como julgamos, completamente desprovidas de todo e qualquer bom senso somos ingénuas ao ponto de acreditar inclusive que Jesus voltou e que amanhã se vai reunir com toda a gente porque o final está próximo.
Estava eu a dormir a umas noite atrás, cansada de tanto estudar para um exame, quando o telefone tocou, não conheci o número e como tal liguei de volta porque queria saber quem era o ou a parvalhona que teve a brilhante ideia de ligar a aquela hora, resumindo, era um parvalhão, sim um valente e ignóbil parvalhão a quem eu tinha dado, julgava eu, eficazmente, com os pés as alguns meses atrás porque descobri que mentia, tinha namorada, a perguntar se queria sair com ele...
Eu nem vou alongar muito na resposta que eu dei, mas vamos por as coisas desta forma e de uma vez por todas, o facto de eu não namorar não significa que qualquer um me sirva, isso será um mito, preciso tanto de um homem a esta altura do campeonato como de uma corda para me enforcar em praça publica e isso sou eu a ser agradavel, o meu radar estava ligado, é claro que o sujeito não me ama desesperadamente, é claro que ele provavelmente nem sequer se lembra do meu nome como nem eu me lembrava do dele, agora dai a pensar que seria estupida ao ponto de voltar a trás numa atitude minha, será sem sombra de dúvida, um colossal erro da parte dele, pois se o meu radar já me disse uma vez "não", garanto com toda a minha mais brilhante crença que, dificilmente voltaria atrás.
Geralmente não sou simpática nestas situações, nem pretendo ser, seria hipocrisia, o que muita gente julgaria ser só "a mania que é boa", e sabem, mesmo que seja a pretensa mania, tenho todo o direito de o ser e claro de recusar a algo que não quero e sei bem que não quero.
O que mais me irrita nas pessoas é a estúpida ideia que conseguem atirar areia aos olhos as outras pessoas sem que elas lhes deiam um murro no focinho logo a seguir, habituados a uma simpatia quase patética, será facil tomar o certo como garantido, não se devem é esquecer que a vida é um tabuleiro e que bem podem levar com ele na tromba.
Existem coisas que mudei totalmente em mim de uns tempos para cá, aprendi a confiar muito mais em mim e só em mim, também porque não preciso de confiar em mais ninguém e também porque as pessoas mentem demasiado, além das suas possibilidades e geralmente são enroladas pelas mesmas mentiras, posto isto hoje sou capaz de enfrentar os meus próprios medos, coisa que a um tempinho atrás julgava não ser possível, aprendi a ouvir a minha voz, aprendi a ouvir-me a mim mesma e prestar atenção as coisas, a não arranjar desculpas para tudo, desde o movimento de translação ao de rotação simplesmente porque não tenho de o justificar, não me interessa justificar, o que eu vejo, o que precepciono nessa altura, será a minha verdade inquestionável e ultimamente tenho tido imensas.
Então cheguei a conclusão que é bom encontrar o que mais tememos, é bom dar de caras com os teus medos e saber cuspir de volta na cara, viver num limbo onde nada sabes não faz de ti uma gaja corajosa, e ok eles bem que te chamam neurótica, mas ao menos nunca mais ninguém vai ter a puta da ousadia de pensar que faz de ti uma marioneta, uma burrinha com palas nos olhos, porque tu abres os teus olhos e tu vês a verdade que tu tens de vêr, porque sabes bem dentro de ti que o que se passa é falso, é mentira, e então vai, toma o encalço da verdade que procuras, ela mais tarde ou mais cedo também te quer conhecer, no meu caso era a Raquel.
Falo muitas vezes de amor, de facto, e ele existe, eu tenho o meu amor bem guardado, bem fixe, bem reservado para quem eu souber que o merece, para quem for válido dele aos meus olhos e só aos meus olhos, quero lá saber de rosas ou de poemas, quero lá saber de frases feitas e de ideias pré concebidas que provavelmente ouviram numa musica na radio, esquecem-se do peso da minha cultura, sim desvalorizam o que eu sei e o que eu sou e isso para mim é um insulto. Eu quero algo real, e no dia em que for real, vale a pena eu olhar duas vezes, até lá, serão todos como o gajo que telefona a meio da noite, desesperado porque ninguém lhe pega e não sabe lidar com o desdém que lhe dei, fruto da minha imaginação.