terça-feira, agosto 30, 2005

Tripolarismo...o meu mal!!!

Sou por absoluto uma pessoa que se conhece bem, mas as vezes o que pensamos ser o nosso comportamento normal, de normal tem muito pouco quando comparado com outras pessoas do nosso meio, é claro que nem todas as pessoas são iguais, mas também existe um ponto comum do qual poucas divergem. Eu nesta parte, digamos que salto a cerca...
Tenho tido, desde a uns tempos para cá, um comportamento que de constante tem muito pouco, ia me desculpando com o stress, com a dificuldade de encontrar um rumo que me fizesse feliz, enfim quando nós queremos ser avestruzes, conseguimos. Então durante este tempo todo eu fui enfiando a minha cabeça na areia, tentando de algum modo que estas coisas que eu sinto e vivo passassem sem grandes danos...ultimamente tem sido muito dificil.
Descobri que sou "tripolar"!!
Uma coisa fantastica de se descobrir quando vais a um médico, quando falas com um psicologo, é que és bipolar e ficas a olhar determinantemente para os olhos de quem te diz, numa estupida esperança que te expliquem o que é ou que pelo menos te digam que isso não provoca a morte nem danos fisicos, no entanto a doença existe, são os maníaco-depressivos.
Eu não fui a um médico, sou completamente contra psicologos, e embora esteja decididamente a passar a maior crise dos ultimos tempos, eu não me arrisco a ser analisada como se fosse um bicho em anatomia, até porque tenho ideias muito minhas, que só abdico delas de vez em quando e é quando canso os outros, ou perco o interesse, ou seja, eu tenho inicativa própria!! Eu lembro-me a mim mesma todos os dias que pareço um hippie, ora sou a favor do planeta, ora sou contra os politicos, ora sou contra o capitalismo, ora detesto o marasmo...ou seja, eu tenho uma opinião acerca de tudo e ela varia conforme a minha bela disposição!
A minha disposição varia imenso, por vezes acordo de manhã e ando lenta, pesada, chorei na noite anterior com um filme qualquer e nem me aguento, ando o dia todo num planeta completamente de loucos, em que todos falam para mim e eu oiço muito pouco, vou me deixando passar ao lado das coisas, penso sempre, pode ser que me esqueçam... Depois, tenho dias em que sou de uma alegria contagiante, o meu riso ouve-se até ao fundo corredor e toda a gente que está comigo está sempre a rir, pois tenho sempre algo para dizer que de uma forma outra se torna engraçada e faz com que os outros sorriam. Nestes dias, sou senhora e dona de mim, falo de tudo com uma naturalidade terrível, quase um doutoramento, sou literalmente bem disposta e o mundo é o meu palco, onde eu distribuo o que de bom eu sinto.
Também tenho dias que, embora ande mais calma tenho uma vontade imensa de esrever, e de divagar e saber e ouvir boa musica, ler bons livros em duas horas, pois a ansiedade é tanta que não aguento fazer mais nada, ver bons filmes, nestas alturas é que eu venho ao blogg, acho que esta é a minha faceta mais verdadeira, sou sossegada nestas alturas, tenho paz em mim, despejo um chorrilho de ideias, de opiniões, faço-me pensar e acho isso fenomenal, não quero saber se leiem ou não, não criei isto para ser um jornal um relatorio, eu criei isto pois fiz uma promessa, e cumpri.
Lembro-me que houve alturas em que queria de algum modo ser constante, não estar a ter 3 rostos diferentes, não sei porque isto me acontece, não sei porque eu não consigo ser normal, pois acreditem, é bom ser normal, muito bom, as pessoas compreendem-te bem melhor.
Existe a doença bipolar, a tripolar é uma invenção minha para tudo o que de estranho eu faço e penso, até pode parecer estranho eu falar assim, mas é o que me vem a cabeça, é uma explicação semi cientifica, semi ficção para eu me entender, pois se nem eu me entendo, como vão os outros me entender?
Respeito imenso as pessoas com depressões, com crises terríveis na vida, são estados de espirito em que nada, nenhum medicamento, ninguém consegue aliviar, são coisas contra as quais temos muitas dificuldades em lutar, é como D. Quixote, lutamos contra os moinhos pois pensamos que são o inimigo, mas já não existem mais inimigos, não existem mais batalhas, e a gente nem sabe que a guerra acabou a muito.
Não devemos de modo algum minimizar o sofrimento dos outros, seja de que forma for, uma dor é sempre individual, uma dor é sempre mais nossa do que de qualquer outra pessoa. Por vezes temos forças para acordamos de manhã outras vezes acordamos por questões de responsabilidade, é preciso ter muita força para pôr os pés na rua quando sentimos que o mundo está contra nós.
Nunca se esqueçam, não existem pessoas fortes, existem sim momentos em que caimos e, com a mesma subtileza com que caimos, aprendemos igualmente a saber levantar.