terça-feira, setembro 13, 2005

DEUS

Querem saber quem é Deus? É fácil, as vezes é muito mais fácil do que a nossa vã existência imagina, e se estiverem a espera de morrerem para saberem quem é ele, então levaram uma vida muito futil e sem objectivo algum. Estas conversas, eu sei, causam sempre um elevado grau de divergência entre opinões, mas, não querendo que levem demasiado a serio o que digo, pois isto é só mais um de tantos assuntos do qual eu falo, eu espero que encarem isto somente como uma opinião e nada mais do que isso.
Para mim Deus é tudo, é o acordar, o deitar, é o pôr do sol, as marés, as árvores, a terra, a chuva e tudo o que nos rodeia, pois Deus está em todo o lado. Não sou propriamente uma rapariga de ir a igreja, muitas vezes entro em discussões estupidas com pessoas mais velhas pois têm uma forma muito delas de verem as coisas e, muitas vezes não encontro lógica no que dizem, muitas vezes tenho dificuldade em perceber porquê que encaram a religião de uma forma tão fanática e tão formal, não dando espaço para os nossos prórios erros, dúvidas e opiniões acerca deste assunto. Desde miuda a minha santa avó levava-me a igreja, sempre foi um sitio que me deu paz e muito conforto, no entanto a medida que vamos crescendo vamos vendo como as coisas são de uma forma diferente, o facto de irmos para a escola, de partilharmos a nossa vida com pessoas de cultos diferentes, o que vêmos na televisão, o que se aprende na Internet, vamos construindo as nossas ideias com uma base fundamentada. Subitamente, vejo-me a repetir as coisas que digo ano após ano, chegamos inclusivé a saber quais vão ser os Salmos a serem lidos naquele domingo, é tudo demasiado programado, sabemos quando batemos com a mão no peito e dizemos palavras a alta velocidade e ao mesmo tempo que todos os presentes, mas não lhes tiramos o significado das mesmas. Se o padre for uma pessoa com capacidade de chegar ás pessoas, se tiver a capacidade de lhes falar de coisas reais, sem dedos apontados, sem julgamentos, então se calhar será o ponto alto da missa, pois será algo novo para se ouvir. Mas na realidade isto é algo muito dificil de acontecer, geralmente são padres com alguma idade e as suas opiniões, os seus sermões já são tão curriqueiros que pouco ou nada se aprende dali, ficamos com a sensação de que somos as piores pessoas do mundo e que nunca nos vão perdoar pelos nossos pecados, erros. É estranho, pois não creio que Deus seja assim, um juiz de capa preta com o raio do martelo na mão, a minha ideia é de que as coisas só se tornam erros quando não aprendemos nada com elas, quando voltamos a repetir o mesmo vezes sem conta e não é justo culpar alguém por isso, não é justo esperar que vivam e ajam por nós, é da nossa responsabilidade saber o que é melhor para nós, pois caso as coisas corram mal, saibamos exactamente a quem culpar. Muitas pessoas dizem que se realmente existe Deus ele tem um papel passivo na nossa vida, mas eu não concordo, Deus dá a oportunidade, Deus cria o momento em que tu sabes exactamente o que te vai acontecer, mas tens sempre duas saidas, dois caminhos, seja qual for a opcção que tomares, tens de ter em conta que a tomaste por tua conta e risco, no entanto tinha te sido dada a oportunidade de fazer as coisas de outra forma. Será que somos assim tão inconsequentes e tolinhos que não sejamos capazes de ver as consequências dos nossos actos?! Sei bem que se for a uma loja e gostar muito de algo tenho duas opções, compro como a maioria faz ou roubo, se compro sei que não tenho problemas, mas se roubo sei perfeitamente o que me vai acontecer. Onde está Deus aqui? Fácil, levou-te a loja...o resto é contigo!
Afastei-me um bocado da religião por diversos factores, mantenho as minhas crenças e ideologias, mas não gosto que me atirem areia para os olhos, nem tão pouco gosto de falsos moralistas, não obstante, gosto muito de ser católica. Gosto muito de falar com Deus, é daquelas conversas sem resposta, mas na sua maioria eu só quero que me oiçam, e Deus não interrompe, não te julga nem te dá palmadinhas nas costas, ouve e, ouvir muitas vezes é do melhor que há. Gosto de manhãs com muito sol, e de sentir o frio na cara, a chuva na ponta dos dedos, gosto de vêr o mar e achar que é uma criação suprema, embora seja muito fã da teoria do Big Bang, eu sei que algo maior que eu existe!
Deus é vida! É perfeito viver pensando assim, torna o mundo num sitio melhor!
As guerras que surgem em nome da religião é outro dos motivos que me fez afastar da igreja, ultimamente tenho a sensação de que a Inquisição voltou, mas de forma mais discreta. Pois não percebo porque temos nós de invadir um país, matar pessoas, ocupar e roubar o que não nos pertence, com o pressuposto motivo de que é em nome da justiça. Pois também não percebo porquê que logo as pessoas que pensamos serem do mais gentil que há são logo elas que se aproveitam de crianças, usam-nas em pornografia e retiram delas toda a alegria de viver, toda a inocência. Não sou de generalizar, mas com tanto dedo que apontam e não conseguem vêr os próprios crimes que cometem. A igreja podia ter uma posição mais forte e mais firme acerca destas guerras, podia no seu seio colher o seu joio, mas calam-se, têm segredos, colocam-se num altar...enfim só posso ficar triste, nada mais. Creio que com vontade podemos mudar até o movimento de translação, mas que sem ela, não dobramos sequer uma erva.
Desculpem-me, se feri susceptibilidades, não tenho com objectivo ofender alguém, nem julgar ninguém, falo tão somente do que sinto, e nisso ninguém manda.