O que será que as pessoas esperam de nós? Não creio que seja correcto nós tentarmos estar á altura de algo que não tem nada a haver conosco, não creio que seja verdadeiro nós correspondermos a uma imagem que os outros criem de nós, criam-na porque querem, não quer dizer que seja a exacta ou a imagem certa...
Sempre disse que as pessoas não mudam, elas simplesmente adaptam-se e mediante novas realidades surgem novas adaptações, será assim tão complicado de perceber que ninguém anda aqui para agradar ninguém?! E porque que exigimos dos outros o que não somos capazes de exigir de nós mesmos?! Não é patético pensar que afinal somos uma espécie de marionetas e que cada passo que tomamos é sempre pensado cautelosamente só para não ferir susceptibilidades?! A vida só por si já é tão complicada quanto mais agora ter que a gerir baseada no que outros pensam ou deixam de pensar, e pior de tudo, porquê que não somos imunes as opiniões que têm a cerca de nós, por mais erradas que nos pareçam, não conseguimos deixar de nos sentir afectados e as vezes mal com conosco próprios, pois também não percebemos de onde vêm as ideias nas quais se baseiam para nos julgar. Não admito julgamentos acerca de qualquer aspecto da minha conduta, sou como sou, não invento um eu meu todos os dias, não procuro agradar a gregos e a troianos quando me estou basicamente a borrifar tanto para uns como para outros, não baseio a minha existência na opinião desfundamentada de como devo ou não reger a minha vida, eu ainda sou dona e senhora do meu nariz e de todas as partes circundantes, ainda sou eu que pago as minhas contas, ainda sou eu que falo por mim e penso por mim, ninguém é meu dono!! As vezes revolta-me imenso os julgamentos das outras pessoas, aquela situação mesquinha em no meio de um jorro de palavras as pessoas se julgam no direito de apontar o dedo e com toda a sua segurança dizerem "Estás errado", porque não achar simplesmente que a pessoa tem o direito de estar errada, de gostar de estar errada e de se sentir bem com o seu erro?! Somos assim tão perfeitos que vemos o cisco no olho do outro mas não a trave que nos aparece a frente? Quem sou eu para apontar o dedo a alguém, quando eu própria cometo erros, quando eu própria não sou perfeita e nem almejo ser. Fico furiosa com conversas inuteis em que o assunto pricipal é o julgamento, como se estivessemos num tribunal e que o condenado, sem hipotese de se defender, é enxovalhado como se fosse um balde de roupa suja!! Gente, abram os olhos, nos erros dos outros não devemos tirar opiniões, nem tão pouco fazer julgamentos desnecessários, devemos tão somente ouvir, compreender que de algum modo as pessoas têm coisas só suas, não vão mudar só porque lhes dizemos que estão erradas, não vão pensar que temos razão, vão se calar, vão se fechar , vão nos excluir pois ninguém gosta de se sentir no meio de um furacão. Em vez de sermos tão moralistas e tão correctos socialmente, devemos parar e não ligar ao que nos é imposto por uma sociedade que mal compreendemos, nós temos o poder de optar, de nos educar a nós mesmos e de saber procurar por realidades superiores, não nos deixarmos ficar pela superficie, de aceitar as coisas como certas e garantidas, verdades irrefutáveis que nunca se quebram, pois para mim não existem verdades irrefutáveis, nem pessoas perfeitas, nem comportamentos correctos, existem simplesmente pessoas, com arcaboiço genético, com experiências próprias, com maneiras de ser que muitas vezes podemos não gostar mas também não temos o direito de achar que não estão bem só porque não gostamos, são diferentes, somente isso.
Num mundo onde impera o altruísmo muitas vezes, a mim espanta-me porque é que as pessoas não conseguem deixar e fazer os outros felizes, quando muitas vezes tudo o que é necessário é o silêncio, quando a sinceridade pode e deve ser transmitida, mas nunca como uma verdade segura, nunca com a arrogância das certezas infalíveis.
Aprende primeiro a aceitar as tuas falhas e só depois será capaz de compreender melhor a dos outros...