quinta-feira, novembro 24, 2005

O meu primeiro Amor

Devia ter uns 16 anos, lembra-me bem apenas do dia em que o vi a primeira vez, era o mais alto deles todos, ou seja, ao longe eu já o via bem! Com esta idade e, no meu tempo nós não sabemos o que é paixão, nem tão pouco amor, sentimos coisas estranhas apenas, geralmente relacionadas com o trato intestinal...
Mas eu gostei logo dele, foi então durante dois ou três anos anos da minha vida a pessoa de quem eu mais gostei, e sabem que mais, ele nunca o soube, eu nunca lho disse...Recordo apenas com saudade o sentimento puro e natural que surgiu por eu o conhecer ao longo dos anos, da bondade de um menino sincero e sempre cordial com todos, ele era o melhor em tudo, nas notas, no futebol, com as raparigas não é que fizesse sucesso, mas tinha um charme que rapidamente elas se encantavam por ele. Eu não fui diferente, apenas fui mais calada. Fomos dos melhores amigos que podem existir, e eramos uma equipe terrível pois conseguiamos fazer tudo o que a nossa mente se empenhasse em fazer acontecer...a custa disso, lá fomos nós para a Espanha!
È salutar recordar com carinho uma pessoa que nós transmite boas sensações, se algum dia for mãe ele sabe perfeitamente o nome que eu vou colocar ao meu filho, em caso de ser um rapaz, talvez isto aconteça porque gostaria de pensar que um filho meu teria os valores e a forma de encarar a vida como ele sempre o fez, com muita dignidade...
Gosto muito de recordar o meu passado, é um passado feliz e cheio de coisas boas e, ele faz parte dele, o nosso primeiro amor é sempre algo que nunca se esquece, ele até já pode estar casado, ter uma equipe de futebol montada em casa, eu já posso ter o mesmo, mas...esta recordação fica para uma vida inteira e serve-me de exemplo para muita coisa, foi a partir dele que eu vislumbrei a ideia de homem que eu vou sempre querer para mim, como marido, como amigo, como pai dos meus filhos, como companheiro...
Foi o sentimento mais calado que tive, o silêncio só era violado porque eu sempre escrevi durante muito tempo nuns caderninhos velhos que tinha na altura, sobre ele, foram poemas, textos, histórias e contos de fada, até tinha um nome de código para nunca ninguém saber quem ele era, o "Ministro" , sim, porque ele era o meu ministro mesmo, eu era chefe de turma e ele o sub-chefe, então as pessoas podiam ler, a minha mãe podia encontrar os meus cadernos que eu tão bem escondia no fundo de uma gaveta do armário, mas só eu e a minha sombra sabiamos exactamente de quem falavamos e porque falavamos dele.
Sempre vou pensar que devia ter falado, ter dito, mas faltou-me sempre a coragem, aos 16 anos tinha coragem para muita coisa, era brava, mas por isso mesmo nunca me senti com forças para aceitar um "não", uma recusa que fosse, com o meu feitio, com a minha adolescência a única coisa que eu não deixava que me acontecesse era ficar triste e chorosa por um rapaz, eu não queria ser como as outras, eu queria ser um rochedo! Ok, fui mas é um valente calhau! Estas ideias são mesmo de quem ainda vê os Power Rangers na Tv, devia ter feito as coisas de um modo bem diferente, nem sei qual teria sido o resultado, mas isso tabmém não deveria ter importado, porque o não é sempre garantido e o sim se vier é uma surpresa, mas ao menos teria me dado a oportunidade de ver qual das respostas seria...
Por isso já sabes, se gostas muito de alguém, se tens "borboletas" cada vez que lhe pões os olhos em cima, se quando falas com ele só falas asneiras e nunca o que realmente queres dizer em português correcto...se as pernas te tremem, se te doi muito o peito e se a noite quando te deitas o vês a teu lado como se fosse um fantasma, então pega em ti, ganha lá coragem, diz lá ao rapaz ou a rapariga o que sentes...pode ser que seja a chance da tua vida, pode ser que seja o motivo para te enforcares numa corda com nó de marinheiro, mas ao menos sabes que estas a sentir algo, a fazer algo por ti, algo que realmente queres para ti, porque no fundo, mas bem no fundo, tu sabes sempre se vale a pena!